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sábado, 3 de abril de 2010

A HISTÓRIA SOBRE AS ORIGENS DA HISTÓRIA

1. Quando eram os deuses
Tudo teve origem, um princípio; não necessariamente uma história, porque esta somente surgiria com a escrita, depois de um longo período de representatividades em rabiscos cujas interpretações, às vezes, vagas, pela impossibilidade de se saber precisamente o que o homem da época pretendia expressar, senão sua interação total com natureza e os deuses, o mundo dos espíritos, os bons e os maus.
Com o advento da exposição de idéias por sinais gráficos, ao escriba coube historiar o princípio do ser antes da vida, conforme crença e entendimento sumer que "Da Imensidade Primeva vem à luz os Céus e a Terra", a compreender tal imensidade como existência incriada e ainda hoje não denominada, que já foi o éter ou fluído universal que deu surgimento ao Cosmo, do qual a matéria se fez exceção no incomensurável da invisibilidade.

São três as sequências cosmogônicas decorrentes, 'o Evo, o Cosmo e a Terra', o primeiro como engendrador de todo o Universo turbulento, enquanto os dois últimos separados pelo espaço vazio ocupado pela poeira cósmica, pelos ventos, pelas nuvens e tudo o que mais existe necessário para o surgimento e a sustentação da vida planetária ou aonde mais for possível estabelecê-la.
No contexto teogônico se tem Nammu, força pré-existente - o mar primordial, a dobrar-se sobre si e dar nascimento ao Deus do Céu [An] e a deusa da Terra [Ky - que se chamou, também, Ninmath - A Grande Dama; Ninhursag - A Dama da Montanha Cósmica; e Nintu - A Dama que Cria].
A Terra e o Céu complementavam-se; do amor de Nammu com Ky nasceram os tantos deuses - os Anunaki do panteão sumério, masculinos e femininos, responsáveis pelo surgimento da vida em suas múltiplas formas, estando estes deuses representados nos astros, outros corpos celestes, nos elementos e nas forças benéficas e hostis da natureza, nos meses e nas estações do ano, nas semeações e colheitas, centradas nos amores, incestos e traições dos deuses, de cujas conjunções também geraram como conseqüência, semideuses patronos das guerras, da paz, da saúde, da vingança entre os diversos que povoaram a terra.

A religião sumeriana é descrita com propriedade na obra 'Suméria a primeira grande civilização' (Amar Hamdani, tradução Maria Luiza de Albuquerque Silva, Otto Pierre Editores, coleção 'Grandes Civilizações Desaparecidas', 1978: 307-333).  
Aos Sumérios sucederam os Acadianos, a estes os Babilônios substituídos pelos Assírios secundados pelos Caldeus, cada qual a seu tempo ou, às vezes, coexistindo rivais em regiões específicas dentro do mesmo crescente fértil. 
De maneira geral estes povos mantiveram o mesmo panteão sumer, às vezes com outros nomes e sexos, contudo sem perdas dos atributos originais; apenas no decorrer dos séculos novas realidades surgentes, quando semideuses se apresentam ao lado de divindades menores, uns destituídos outros elevados, porém inalterados os relatos do surgimento cósmico, na sua essência, ainda que sob nova roupagem literária quanto ao ato da formação - visão acadiana, quando já presentes os deuses da criação do Céu e da Terra, vistos na epopeia denominada Enuma Elish: 
  • "Quando no alto não se nomeava o céu, e em baixo solo firme não tinha nome, do Oceano Primordial o seu Criador (...) quando nenhum dos deuses [corpos celestes] tinha aparecido, nem eram chamados pelo seu nome, nem tinham qualquer destino fixo, foram criados os deuses no seio das águas [do Oceano Primordial]".
    • Obra de referência: 'A civilização de Assur e Babilônia' (Georges Conteneau, Otto Pierre Editores, coleção 'Grandes Civilizações Desaparecidas' 1978). 
Mais adiante os hebreus compilam os diversos textos para ditar sua cosmogonia mística onde já aparecem os deuses na formação do mundo: "No princípio o conjunto dos deuses criou os céus, e a terra" (Gênesis Bíblica 1: 1).
Complementa a presente citação, Sabedoria 11: 17 "que [Deus] criou o mundo de matéria informe", alusão humana ao surgimento da terra como consequência de um princípio, ou seja, um período iniciado pelos deuses - Elohim, tempos astronômico e evolutivo, oriundo de uma agitação, aglomeração de matéria cósmica, condensada sobre si mesma e que deu origem ao 'big-bang', quiçá advinda de um 'big-crunch', como um universo então em expansões explosivas, dando nascimento às galáxias, nestas as estrelas entre a quais, o sol com seus planetas e corpos outros dentro do seu sistema, da mesma maneira que em todo este Cosmos ainda turbulento que o homem, hoje, principia melhor conhecer.
Ora, "Onde não havia nem céus e nem terra, soou a primeira palavra dos deuses, e toda a vastidão da eternidade estremeceu" (Mitologia Maia: Mistério do Desconhecido, Tempo e Espaço, Abril Livros, 1.993: 19). 
De um manuscrito chinês - citação mesmas obra e página: "Antes que o céu e a terra tomassem forma, tudo era vago e amorfo". 
Observa-se inquestionável paralelo com a Gênesis Bíblica l: 2 - "Ora, a terra mostrava ser sem forma e vazia".
Impressiona a similitude quíchua: "O Caos dominava em toda a parte, e o grande espírito planava por cima de tudo" (O Princípio dos Quíchuas, Peru, citado por Alexandre Braghine em 'O Enigma de Atlântida', 1959: 216).
Povos antigos, geograficamente separados, civilizações sem aparentes intercâmbios e com desenvolvimentos culturais específicos, possuem entre si proximidades religiosas tão evidentes que até possível fundi-las umas com as outras, sem perdas das essências. As tradições quanto às origens do universo são encontradas entre todos os povos, de qualquer continente, arquipélagos ou isoladas ilhas.
Os paralelismos e analogias não ficam apenas nos mitos das formações, encontrando-se, também, no surgimento ou a criação do homem e animais, no jardim paradisíaco, na rebelião dos deuses (anjos ou, filhos dos deuses) e consequentes expulsões, na tentação e queda do gênero humano, na perda da graça, a expulsão do paraíso, a promessa redentora com a vinda, senão do próprio deus, do filho. Possuem os mesmos elementos o dilúvio, a separação dos povos - confusão das línguas e outros pormenores, de maneiras hoje não mais aceitáveis como simples coincidências ou meras similitudes.
Hoje, a evolução linear da teoria de Darwin, acha-se ultrapassada, com seus ramos em becos sem saída da evolução, recorrendo-se então à evolução ramificada - policêntrica ou difusa; e esta é uma questão ainda mais complicadora para explicações de tantas coincidências de ordens religiosas, que parecem todas originárias de tronco comum, da mesma maneira que a filologia aponta etmo único para as classes de linguagem.
É importante verificar que, desde tempos remotos, a tendência do homem - inclusive o atual, em fazer-se animal tropical, claramente observável nos seus trajes, habitações, alimentações, parecendo sempre procurar atmosferas e temperaturas dos trópicos, promovendo calor artificial ou o frio necessário para seu bem estar corpóreo, independente dos milhares ou milhões de anos transcorridos, seja nos gelos, seja nas tórridas regiões; adaptou-se, mas não evoluiu termicamente.
Tem-se, então, que o homem é animal tropical e africano, até nova ordem, para espalhar-se por todos os continentes, arquipélagos e ilhas.
Mas, porque o atavismo religioso único? Iniciou-se com algum antepassado humano, advindo de uma única família, ou teve ele um elemento civilizador?
Necessita o homem de origem única para ter história semelhante?
Na verdade, a religião está tão intrinsecamente ligada à história humana e desenvolvimento das civilizações, que se torna praticamente impossível separa-las nas origens.
Se a etimologia aponta para uma única origem todas as classes linguísticas existentes, se o homem é um tropical africano de um único ramo racional, sobrevivente para diversidades posteriores, é notório que as primeiras formas religiosas têm, obrigatoriamente, de possuir traços e elementos comuns; todavia, o espalhamento da espécie humana para diversos e distantes pontos da terra trouxe experiências regionais diferentes, e nenhuma antiga lembrança histórico-religiosa unificada aponta para a África e nem remonta antiguidade superior aos 12 mil anos.
Desta forma, para transmissões de usos, costumes e crenças era preciso continuísmo histórico único, um estágio humano inexistente segundo as Ciências, portanto, apenas o princípio das observações inteligentes e sensações das primeiras experiências humanas em relação a natureza seriam iguais e transmitidas pelo atavismo, jamais aquelas diferentemente adquiridas por uns e não outros em regiões distintas que viriam povoar.
É aceito cientificamente que grupos humanos da antiguidade, separadamente, foram testemunhas, ao longo dos tempos, de muitos acontecimentos catastróficos regionais, vividos por uns e não necessariamente por outros, desde as agitações naturais - maremotos, terremotos, dilúvios e atividades vulcânicas entre outros cataclismos, até os ataques inesperados e provocadores de fugas, guerras e expulsões de algum lugar ideal - paraíso perdido.
Óbvias as possibilidades de assimilações culturais através de encontros intergrupais e este ou aquele grupo predominar sobre outros, para assim o fenômeno histórico-religioso análogo, todavia este fenômeno não poderia ocorrer se desligado da cultura formadora ou que tenha propiciado tais identificações, ou seja, não haveria nenhuma tradição teo-cosmogônica desacompanhada da cultura original, pois tais parecenças, ainda que adaptadas, são iguais em diferentes culturas.
Como um todo, o homem viu e sentiu o crescimento desproporcional de suas famílias - tribos, e os primeiros desentendimentos (engôdos, homicídios e guerras fratricidas) e divisões tribais para viver, a partir de então, experiências diferentes.
Com as separações tribais e avanços ou regressos históricos, cada povo fez sua cultura sempre interagindo com seu meio e os acontecimentos naturais, todavia num período relativamente recente da história da humanidade, aos tempos das navegações fenícias - 1200/500 AEC, o sistema histórico-religioso se fez comum a todos os povos, para a seguir ser adaptado, com retóricas, de acordo com circunstâncias regionais, por exemplo: "Ora a terra era solidão e caos, e as trevas cobriam o abismo, mas sobre as águas adejava o sopro dos deuses" (Gênesis l: 2), que demonstra uma nítida influência mesopotâmica - fartura de águas, contrastante com a aridez descrita em Gênesis 2: 5, ou seja, a criação de Yavé opondo-se a Elohim, seguramente sob influência palestínica. São textos próximos, notoriamente justapostos, sem a ousadia de fusão.
Também são religiosos os textos que cantam epopeias gloriosas de um povo, dos vitoriosos antepassados elevados à condição de deuses ou semideuses - divinização humana; que lamuriam derrotas, quase sempre amenizadas; que choram mortes e doenças; ou que se referem à perda de um paraíso glorioso. Nestes textos sagrados estão criados os mitos, os bons deuses e os maus, todos poderosos e responsáveis pelos acontecimentos. À incompreensão das coisas ou mistérios naturais, era atribuída responsabilidade às forças sobrenaturais.
Dentro destes aspectos coube ao homem deduzir, como ser intelectivo, os princípios criacionistas e de destruições, dentro das figuras de retóricas e imaginativas do bem e do mal, onde a um deus ou deuses benfazejos e criadores, cabiam opositores às obras.
O mundo era, sempre foi e o será, a concepção subjetiva dos aspectos do aquilo que não é bom, certamente é mau - adágio popular, encarnando-se aí deuses e demônios. A natureza tinha seus elementos de graças e desgraças, e era justo que o homem, desconhecedor dos mistérios, evocasse tais forças sobrenaturais para executar ou cumprir determinações, com óbvios resultados de erros e acertos, com as condicionais dentro dos ritos miméticos.

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