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sábado, 3 de abril de 2010

ASSUNTOS SURDINADOS - II

5. Alguns textos conflitantes no Antigo Testamento
Apesar da posição oficial das seitas judaicas e cristãs quanto à infalibilidade bíblica, certas passagens não deixam dúvidas de erros e contradições, não apenas variantes ou deformações de tantas traduções ou de algum descuido copista; daí apenas a máxima que nenhum texto do original bíblico chegou até nossos dias, portanto impossível alguma palavra final.
Com os textos que temos, a partir do grego, entendemos uma série de incoerências bíblicas, das quais citaremos algumas delas, do Velho Testamento, pouco ou demais conhecidas.
A partir do livro Gênesis percebemos Jeová [capítulo 2 verso 4 e seguintes] em contraposição a Elohim - capítulo 1 e 2 até o versículo 3, assunto já estudado, onde lendas superpostas correspondentes às tradições sumero-babilônicas, palestinas e de outros povos com os quais os hebreus tiveram contatos mais ou menos prolongados, absorvendo-lhes culturas para, fundidas, apresentá-las por original.
Acreditamos o dilúvio bíblico adaptação de lenda sumero-babilônica, porém se considerado real acontecimento, conforme Gênesis 7: 23, todos os animais e humanos - à exceção da família de Noé, foram mortos, inclusive a raça de gigantes 'Nefilin' narrada em Gênesis 6: 4, a qual, no entanto, é vista depois em Deuteronômio 2: 10-11, Josué 11: 21 e Números 13: 33. O dilúvio não os atingiu.
Yavé que passeava pelo Éden e mantinha diálogo com o casal humano que ali habitava (Gênesis 3: 10), na questão do homicídio questionou diretamente Caim (Gênesis 4: 6-16) - e a queda já acontecera, e esteve face a face com Jacó (Gênesis 32: 30), e falou com Moisés também 'cara a cara' (Êxodo 33: 11), além de ser visto pelos anciãos de Israel numa citação em Êxodo 24: 9-11. Ezequiel também viu Deus, ainda que numa visão (Ezequiel 1: 27-28). Apesar destes testemunhos, em João 1: 18 o autor afirma categoricamente que ninguém jamais viu Deus.
O deus bíblico Yavé, em seu princípio, é contraditório por aqueles que o descrevem ou foram seus inspirados, por exemplo, "Não apresentarás falso testemunho contra o teu próximo" em Êxodo 28: 16, ou seja, Deus condena a mentira embora ele mesmo induza o homem ao erro, através da mentira por Ele perpetrada, conforme em I Reis 22: 23: "Agora, pois, eis que o Senhor pôs um espírito mentiroso na boca de todos esses teus profetas, porque o Senhor decretou a tua ruína". No Novo Testamento - II Tessalonicenses 2: 11-12, Deus permite força sedutora de modo o homem acreditar na mentira.
A contradição divina também se observa naquilo que diz o Senhor ser bom para todos, homens e animais (Salmo 145: 9), em desacordo a Isaias 45: 7 onde Deus se diz autor da prosperidade e gerador [criador] das desditas.
Nem é necessário aprofundamento para compreendermos Êxodo 20: 13 onde claramente está a proibição legal de matar - "não matarás", quando o próprio Deus em situações outras exige matança em mesmo livro 32: 27 "Ponde cada um de vós a sua espada ao seu lado. Percorrei o acampamento e voltai, de portão a portão, e matai cada um o seu irmão e cada um o seu próximo, e cada um o seu conhecido íntimo", missão levada a efeito pelos filhos de Levi, portanto nada figurativo.
Juízes 11:29-39 diz do comprometimento votivo de Jefté a Yavé: "Se entregares os amonitas em meu poder, então, quando eu voltar vitorioso da guerra contra eles, a primeira pessoa que sair para me receber na porta de casa, pertencerá a Javé, e eu a oferecerei em holocausto", e a pessoa que lhe veio ao encontro era sua única descente, e o sacrifício ocorreu. Jefté ao fazer a promessa a fez na intenção de imolar uma vida humana, na certeza que algum serviçal lhe saísse ao encontro, jamais sua filha. Abraão imolaria Isaac se não a intervenção divina em contrário. 

Na antiguidade bíblica sacrifícios humanos eram práticas comuns (II Reis, 3: 27).
Deuteronômio 21: 18-21 - "Se alguém tiver um filho rebelde e incorrigível, que não obedece ao pai e à mãe e não os ouve, nem quando o corrigem, o pai e a mãe o pegarão e o levarão aos anciãos da cidade para ser julgado. E dirão aos anciãos da cidade: 'Este nosso filho é rebelde e incorrigível: não nos obedece, é devasso e beberrão'. E todos os homens da cidade o apedrejarão até que morra. Desse modo, você eliminará o mal do seu meio, e todo o Israel ouvirá e ficará com medo".
Yavé demonstra paixões humanas ao sentir ciúmes de seu povo (Êxodo 20: 5) e os atuais cristãos se sentem maravilhados disto, mesmo com a instrução em contrário vista em Gálatas 5: 19-20.
Na condição de deus ciumento Yavé castiga e pune a iniquidade dos pais nos filhos, até as terceira e quarta gerações, pelo que está escrito em Êxodo 34: 7, ainda que lá em Ezequiel 18: 20 seja dito que o filho não expiará a iniquidade do pai.
Em Gênesis 10:5 são diversas as nações e respectivas línguas, portanto a desmerecer todo o indicativo de Gênesis 11: 1-9, quando a terra era uma só língua até a grande confusão de idiomas, na célebre construção da Torre de Babel.
O homem pode se alimentar de toda vegetação e de todo ser vivente desde que deste esvaído o sangue (Gênesis 9: 3-4), em desacordo com as proibições em Deuteronômio 14: 7-20. Ainda, quanto se alimentar ou não de espécies viventes, Levíticos 11: 13-19 diz das proibições em comer carnes de certas aves, entre elas, estranhamente, o morcego.
Mais de uma vez Yavé arrepende-se e muda opiniões, em Malaquias 3:6 disse “Por-que eu, o Senhor, não mudo (...)", ou consoante Números 23: 19, "Deus não é homem, para que possa mentir; nem filho do homem, para que se arrependa". Em Gênesis 6: 6 ele se arrependeu de ter criado o homem, e em Êxodo 32: 14 se arrepende do mal que intentara contra seu povo eleito.
Numa situação em Êxodo 3: 10 Moisés recebe ordens divinas para resgatar os filhos de Israel, que então inicia jornada à terra do Egito, com certa clareza narrativa a partir de Êxodo 4: 18, para se tornar texto obscuro entre os versos 24 e 26 quando, numa pousada pelos caminhos, Deus intentou mata-lo sem qualquer razão aparente.
Outro contraste em Deus é visto em Êxodo 4: 11, quando admite ser a causa da surdez, mudez e cegueira, em desacordo com Lamentações 3: 33 na afirmação que não aflige os homens por vontade própria, e sim pela justiça, conforme explicação posta pelo PIBR sobre referido texto, em nota de rodapé.
Deus (Êxodo 20: 4) proibiu imagens e esculturas a qual pretexto fosse, ainda que determinasse confecção de dois querubins - espíritos celestes, colocados junto ao propiciatório (Êxodo 25: 18).
Os hebreus roubaram os egípcios por uma ordem divina, Êxodo 3: 22, algo bastante conflitante com as determinações "Não furtará" (Êxodo 30: 15).
Ordens conflitantes podem ser vistas em "Não adulterarás" (Êxodo 20: 14), porém ao profeta Oseias, conforme em seu livro (3: 1) foi ordenado por Deus: "vai mais uma vez, ama uma mulher amada por um companheiro e comete adultério". Ao mesmo profeta já fora disposto: "Vai toma para ti uma mulher dissoluta" (Oseias 1: 2-3). Ensejam os especialistas que conjunções carnais e conúbio foram figurativas ou imaginárias, ações simbólicas, porém nada desdiz que os atos não tenham efetivamente acontecido; Outrossim, a despeito dos esclarecimentos, os descendentes têm seus nomes lançados no rol das genealogias.
São divergências bíblicas que não refletem a esperada sabedoria divina nem atestam inspirações, algumas situações absurdas a exemplo de quando o sol e a lua são detidos (Josué 10: 12-15), que vá lá o homem da época assim pensar, mas o Criador!
Certas absurdidades ocorrem pela pluralidade de autores, às vezes para uma mesma situação, conforme vistas diante de textos duplicados, por exemplo, assim a ocorrer duas vezes a expulsão de Agar por Abraão - Gênesis capítulos 16 e 21. Igualmente outras narrações, duas vezes a honestidade de Sara é posta à prova - Gênesis 12: 10-20 e 20: 1-18, situações postas análogas, e uma vez sua nora Rebeca em idêntica aventura, Gênesis 26: 5-16, já aí um texto triplicado.
As genealogias de Caim - Gênesis 4: 16 e seguintes, têm nomes em comum os descendentes de Set (Gênesis capítulo 5), sem dúvidas adaptação de um duplicado.
Da narrativa diluviana são duas versões, Gênesis capítulos 6 e 7, com repetições e divergências, dando-nos a certeza de textos entrelaçados de diferentes autores.
A vocação de Moisés - Êxodo 3 repete-se no mesmo Êxodo capítulo 6, por fonte diferente. Também são duplicados os episódios do maná e as codornizes (Êxodo 16 e Números 11), embora quase quatro décadas possam separar as narrações de Êxodo e Números, assim como as provas junto às águas de Meribá (Êxodo 17 e Números 20).
Das duplicações entrelaçadas e de diferentes autores, o PIBR considera a mais grave delas a modificação quanto ao lugar de culto - altar e sacrifício, que em Êxodo 20: 24 é permitido em qualquer lugar memorável de algum feito divino, enquanto Levíticos 17: 3-9 não permite tais práticas senão em altar único, com ratificação em Deuteronômio 12: 1-28 ao proibir as realizações foram do local estabelecido, ou seja, fora do templo e altar.
A despeito das exigências e proibições, altares eram levantados e sacrifícios feitos fora do templo e do altar, de forma generalizada - I Samuel 6:-9-17 e 9:-12; Juízes 6:-24-28 e referências, até que o rei, no livro de II Reis capítulos 22 e 23, numa ampla reforma religiosa, determina regrar o sistema (Deuteronômio 12: 1-28).
O preceito das solenidades anuais é repetido por cinco vezes: Êxodo 23: 14-19; 34: 23-26, Levíticos 12, Números 28 e Deuteronômio 16, notoriamente escritos por diferentes pessoas, com níveis distintos de educação e capacidades literárias.
Na Bíblia encontramos dois tipos de duplicados, um deles denominado duplicado literário para as narrações distintas de um mesmo fato, por diferentes autores e estilos, uns e outros mais ou menos contrastantes.
Um segundo tipo de duplicado é o integral, ou seja, quando um mesmo texto repete-se integralmente em algum outro lugar, por exemplo, em Salmos 14 é o mesmo que Salmos 53, com poucas variantes, provavelmente de um único autor.
O livro Salmos 40: 13-17 é reproduzido no capítulo 70. O verso 5, Salmos 57, repete-se no verso 5 do capítulo 108, enquanto o Salmos 60, versos 5 ao 12, ajustam-se aos versículos de Salmos 108: 6-13.
Os escritos em II Samuel 22 estão reproduzidos em Salmos 18, com variantes melhoradas por copistas, porém a tratar-se de um só [provável] autor.
O capítulo 19 de II Reis está em 37 de Isaias. O texto contido em Isaias 2 é igual Miqueias 4, embora perceptível a intenção de algum copista diferenciá-los.
Também são identificados na Bíblia certos estrangeirismos, assim como certos traços comuns que identificam o Gênesis bíblico com tradições sumero-babilônicos, no tocante a história primitiva, cujos onze primeiros capítulos, com algumas interpolações deliberadas, se podem dizer diferentes, porém similares, que é impossível não remetê-la para uma origem comum, no caso a Bíblia uma versão adaptada daquela muito mais antiga.
As duas criações bíblicas são discordantes entre si, a primeira politeísta [Elohim - deuses], a segunda de prosa mais simples é monolátrica - do deus dos deuses, uma divindade naturista evoluída do tribalismo nômade hebreu.
Outras regiões influenciadas pelas culturas mesopotâmicas, cujas lendas sobre as origens foram tomadas de empréstimo, futuramente seriam insertas na história dos hebreus, exemplo já dado, o primeiro capitulo de Gênesis ao 2: 3 são desenvolvidas sob a fartura de águas mesopotâmicas, enquanto a criação seguinte, a partir do versículo 4 do mesmo Gênesis 2, se desenvolve na aridez palestínica.
Os dez reis da tradição babilônica são representados pelos dez patriarcas bíblicos (Gênesis 5), todos antediluvianos em suas respectivas culturas, igualmente de existência longeva. O dilúvio bíblico tem muito em comum com a narrativa babilônica do mesmo fenômeno, cujas coincidências comprovam a origem mitológica comum e a presença dos arquétipos coletivos nas passagens supostamente históricas da Bíblia, sem dúvidas cópias das aventuras de Gilgamesh.
A Torre de Babel e todas suas ocorrências são cópias adaptadas de elementos culturais babilônicos.
A partir do capítulo 12 de Gênesis a influência egípcia é notória, inclusive a história de José a abranger desde o capítulo 37 aos 50, com representatividades em monumentos egípcios. O paraíso terrestre, bem depois acrescido, tem um conjunto de padrões históricos fundamentados nos fenícios e suas ligações com os egípcios.
Acerca do Jardim do Éden, ou o Paraíso, com suas árvores proibidas, tem uma primeira versão na antiga Caldeia, lá de onde veio Abraão, com idênticas representações ao Gênesis 2: 8-17.
Hoje não se têm dúvidas que muitos usos e costumes judeus inseridos na Bíblia - Cânon Judaico vieram de outros povos. Félicien Challaye (op.cit, p: 151) entende que "Tal era a religião dos Hebreus quando entraram nas terras de Canaã, que se assemelhava, em muitos pontos, com às dos palestinos", já com uma cultura mais antiga, a seu modo, igualmente influenciada por aspectos sumero-babilônicos.
Situações assim nos levam entender de certas disposições bíblicas divergentes e não revogadas no decorrer dos tempos.
A Bíblia foi escrita sob influências associadas a outras culturas, sumero-babilônica, palestínica, egípcia, assíria, persa, grega e romana, com as quais os hebreus tiveram contatos mais ou menos prolongados, forçados ou não.
Por isso os tantos nomes de Deus e suas alterações de comportamento seriam provas correspondentes às tais afirmativas. Assim, tendo o PIBR por consulta, o Gênesis bíblico inicia-se com texto Eloísta -uma assembléia de deuses [Elohim], cujo autor revela-se sucinto e um tanto descuidoso, enquanto outro escritor relata Yavé chocante e contrastante em seu antropomorfismo, às vezes violento ou condescendente, sempre bastante popular.
Também é perceptível o estilo Sacerdotal através dos textos moralistas, humanitários e insinuantes, sabidamente escritos por diversos autores de uma mesma Ordem. Outros escritos permitem indicações individuais, de autores vinculados à Escola de Profetas - Profetismo, além dos deuterocanônicos. Todas as tendências sofreram influências de seus tempos, quando escritos os textos que um dia comporiam o cânon. Judaico e cristão.

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6. Outros textos bíblicos conflitantes:
  • Números, 33: 38, diz que Aarão, irmão de Moisés, morreu no monte Hor, e o povo seguiu para Zalmona e acamparam em Punom. Já Deuteronômio 10: 6-7, indica a morte de Aarão em Mosera, de onde os hebreus seguiram para Gadgad e Jetebatá, a tratar-se de texto notoriamente de outro autor e inserido no contexto, juntamente com os versos 8 e 9. Deuteronômio, 32; 50 traz a palavra de Deus a Moisés, e informa a morte de Aarão no monte Hor. 
  • Deuteronômio 6: 5, "amarás o Senhor teu Deus" o que contrasta com Deuteronômio 6: 13 "Temerás o Senhor teu Deus", discrepâncias ratificadas em Mateus 22: 37 "amarás o senhor teu Deus", e I Pedro 2:17 "Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai o rei [governo]". 
  • Deus escreveu [diretamente] nas tábuas as dez palavras da aliança, de acordo com Deuteronômio 10: 1-4., embora em Êxodo 34: 27-28 esteja que Deus as ditou e Moisés escreveu. 
  • Josué e os seus comandados mataram todos os habitantes de Hai, incendiaram-na e a reduziram a um monte de ruínas, para sempre (Josué 8: 28), embora a mesma Hai apareça habitada nas descrições de Neemias 7: 32. Josué fez o mesmo com os habitantes e a localidade de Dabir - Josué 10: 38-39, para dize-los ainda existentes no mesmo livro 15: 15.
  • Por I Samuel 15: 7-8 e 20, Saul destruiu completamente os amalecitas; depois David fez o mesmo (I Samuel 27: 8-9), e todos amalecitas são mortos, agora exterminados pela tribo de Simeão (I Crônicas 4: 42-43). 
  • Saul tentou sem sucessos consultar Deus, através de Samuel conforme preceitos (I Samuel 28-6), porém conseguiu intento, ainda que negativo às pretensões, através do espírito de Samuel. 
  • A darmos crédito no espírito de Samuel (I Samuel 28-18), Saul caíra em desgraça diante de Deus porque ao dizimar os amalecitas deixou vivo o rei, uns animais e trouxe despojos de guerra. 
  • I Crônicas 10: 13-14, "Assim morreu Saul por causa de sua transgressão com que transgrediu contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar, e não buscou ao Senhor, pelo que o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé". Porém, Crônicas 10: 4 afirma que Saul, cercado por inimigos numa batalha, cometeu suicídio, uma situação bastante diferente de ter sido morto por Deus [o Senhor].
  • Saul, além das suas mortes expostas, consta ter sido morto por um amalecita (II Samuel 1: 8-10), e, ainda, pelos figadais inimigos filisteus (II Samuel 21: 12).
  • É dito em I Samuel 16:10-11 que Isaí teve sete filhos, além do caçula David, mas I Crônicas 2:15 assevera-nos David por sétimo filho de Isaí. Nestas citações são evidentes fontes diferentes, porque Samuel já não existia quando escrito o 1º livro Crônicas; aliás Samuel não existia mais desde o capítulo 28 de I Samuel. Isaí, na Septuaginta, foi transcrito Jessai, daí Jessé como conhecido o pai do rei David.
  • Davi, conforme II Samuel 8: 4, tomou de Adadezer 1700 cavaleiros e 20 mil homens de pé, embora I Crônicas 18 mencione 1 mil carros [de guerra], 7 mil cavaleiros e 20 mil soldados de infantaria, além de desjarretar cavalos de novecentos carros.
  • Num outro ato de guerra (II Samuel 10: 18), contra os arameus, Davi matou 700 parelhas de cavalos e 40 mil cavaleiros, e num mesmo episódio narrado em I Crônicas 19:1 8 onde Davi matou 7 mil cavalos e 40 mil infantes dos arameus (I Crônicas 19: 18).
  • II Samuel 24: 9 aponta-nos Israel com contingente de 800 mil homens aptos para manejar espadas, enquanto Judá outros 500 mil homens. Números diferentes do recenseamento (I Crônicas 21:5) informa Israel com 1 milhão e 100 mil homens aptos para manejar espadas, enquanto que Judá 470 mil homens.
  • Os autores de I Crônicas e II Samuel realmente não se entendiam, pois enquanto afirma II Samuel 24: 1 que foi Deus quem sugeriu Davi fazer um censo de Israel, para I Crônicas 21:1 foi Satã quem provocou Davi a fazer esse mesmo censo israelita. 
  • Numa outra divergência, Davi pagou 50 siclos de prata por gados e certo terreno (II Samuel 24: 24) sendo que em I Crônicas 21: 25 apenas o terreno custou 600 siclos em ouro.
São repetições e tantas divergências de textos inconciliáveis que, muito mais que a inspiração divina está a contribuição pessoal de cada autor bíblico a nos revelar, a seu mo-do, a crença num deus que se mostra ao homem, para auxiliá-lo na sua construção histórico-religiosa. Foi o mexer nesta ordem que se fez perder a originalidade do sagrado. 

7. Versos neotestamentários que não se ajustam
Jesus herdou a natureza controversa de Yavé, em causa, na beleza de suas palavras "deixo-vos a paz, a minha paz vos dou" (João 14: 27), mas em Mateus 10: 34 "Não julgueis que vim trazer paz a terra; não vim trazer a paz e sim a espada". 
Se Yavé mandou honrar pai e mãe (Êxodo 20: 12), Jesus, tal qual, foi exclusivista em relação aos seus: "Quem ama seu pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim" (Mateus 10:37). 
O mandamento do Nazareno, em João 13: 34-35 é "que vos ameis uns aos outros (...) pois todos conhecerão se vos amardes uns aos outros", algo bastante diferente do expressado em Lucas 14: 26 - "Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo". 
Jesus filho ou enteado de José, que nasceu de Jacob (Mateus 1: 16), ou Jesus nascido de José, que o foi de Heli (Lucas 3: 23), não batem as genealogias descritas em Mateus com a de Lucas, mas ambas mencionam os nomes dos filhos de Zorobabel, às exceções de Resa e Abiud (I Crônicas 3: 19-20). Aliás, a genealogia de Jesus deveria ser apenas Jesus filho de Yavé, nascido de Maria, daí os ascendentes dela e não do consorte. 
Mateus 2: 11 informa que os magos do oriente visitaram Jesus numa casa. Lucas [2:9-116] numa brilhante narrativa informa que os pastores de Belém encontraram Jesus numa manjedoura, em companhia da mãe. 
O Rabi ordenou subtração indevida, ou seja, sem autorização do proprietário quanto àquilo que se pretendia: "Ide à aldeia que está defronte, e aí, ao entrar, achareis preso um jumentinho (...), soltai-o e trazei-o" (Lucas 19: 30). Deste episódio Mateus, 21: 2-7, informa que os cumpridores da ordem levaram o jumentinho e a jumenta para Jesus, em desacordo com Marcos 11: 2-7 que menciona apenas jumentinho.
Jesus também se mostrou contraditório, quanto sua confiabilidade "Se eu dou testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não passa por verídico" (João 5:31), ainda que em João 8: 14 seja peremptório: "Ainda que eu dê testemunho de mim mesmo, é válido o meu testemunho". 
Em Mateus 8:28 está escrito "saíram-lhe ao encontro [de Jesus] dois endemoninhados, vindo dos sepulcros". Para Marcos 5: 1 "lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo", a concordar com Lucas que era um só homem possesso de demônios que morava nos sepulcros, quem veio ao encontro do Mestre.
Jesus errou ao identificar Zacarias como filho de Baraquias (Mateus 23: 35), quando se sabe Zacarias filho de Joiada, escrito em II Crônicas 24: 20-22, a figurar Baraquias por avô. 
Um erro de Jesus, pouco observado: "Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o filho do homem três dias e três noites no seio da terra". Sepultado na sexta à tardinha e ressuscitado no domingo pela manhã, Jesus não cumpriu as suas palavras.
Lucas 24:46 confirma Jesus ressuscitado no terceiro dia, embasado não apenas nos acontecimentos como em causa de uma profecia: “Assim está escrito, e as-sim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos”. I Corintios 15: 4 corrobora Lucas, que Jesus ressuscitou mesmo ao terceiro dia, "segundo as escrituras", ou seja, conforme já profetizado anteriormente, e certamente o autor de Corintios não se referia ao escritos de Lucas. Não se sabe dessa profecia em algum canônico bíblico.
Da crucificação de Jesus não se sabe se à hora terceira de acordo com Mateus 15: 25 ou, por volta da hora sexta, pelas informações em João 19: 14-115. 
Os seguidores de Jesus também não se entendiam quanto a questão da salvação, se pela graça ou pelas obras, a bastar comparações entre Efésios 2: 8-9 e Tiago 2: 24. Igualmente as questões de boas ações, se às claras ou às ocultas, uma evidente contradição vista em Mateus 5: 16 em comparação com o próprio Mateus 6: 1-4. 
O autor de I Pedro 2:13 conclama o homem submeter-se ao governo instituído, em confronto ao escrito em Atos 5:29, que mais importa servir a Deus que aos homens.
Carta aos Romanos 3: 23 caracteriza todo o homem pecador, portanto destituído da glória de Deus, talvez por esquecer Jó, um homem perfeito e honesto segundo em livro do mesmo nome, 1: 1.
Atos 9: 7 "E os varões que iam com ele [Paulo - ainda Saulo] pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém", uma situação que o próprio Paulo contraditou quando testemunhou: "E os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram muito, mas não ouviram a voz daquele que falava comigo" (Atos 22: 9). 
Defensores biblistas apontam que ditos e tidos erros bíblicos são versículos extraídos fora do contexto, por exemplo, fora do contexto o tal "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" que somente se apresenta em Mateus 28: 19, mas tido fundamento para o conceito da trindade divina. 
As contradições bíblicas são postas, às vezes, como variantes e não erros, segundo o Pontifício Instituto Bíblico de Roma [Bíblia Sagrada - Textos e Versões] "apenas são minúcias que não atingem absolutamente o sentido".
Existem textos bíblicos que são enigmáticos, a exemplos da contenda entre o arcanjo Miguel com Satanás, acerca do corpo de Moisés (Judas 1: 9), incidente não descrito nos canônicos do Antigo Testamento, todavia posta no apócrifo "A Ascensão de Moisés", com isso a indicar aquele incidente ter ocorrido, tanto que em Judas alcançou o cânon neotestamentário.
Judas [verso 14] cita outro texto apócrifo "eis que é vindo o Senhor, com suas santas miríades" ou "milhares de seus santos anjos", não relatado no Velho Testamento, mas descrita no conhecidíssimo apócrifo 'Livro de Henoc'. 
João Batista reconhece a superioridade de Jesus, aquele que haveria de vir (João 3: 27), mas continuou seu ministério até às vésperas de sua morte e sem saber se Jesus era mesmo o Messias prometido (Mateus 11: 1-3).
Quando se trata de discutir divergências entre textos bíblicos, geralmente quem os aponta são desqualificados pelos chefes religiosos que, de pronto, avocam estudiosos intitulados doutos exegetas que sabem do hebraico, grego e aramaico, portanto autoridades suficientes para atestarem a inerrância e a infalibilidade bíblica.
Não se trata de questionar nenhuma capacidade biblista, até porque a mesma autoridade de Teólogo nos é dada, e aí as discussões se tornariam complexas para o grande público. 
Também não vamos à máxima que as variantes encontradas em textos bíblicos comprometam toda a essência do sagrado. Não, não se trata disto, e sim que os escritos ditos inspirados por Deus, inerrantes e infalíveis, sejam de quaisquer códices apresentados, cópias, versões e traduções, sempre há de se concordar com as existências de textos obscuros, aqueles inseridos indevidamente, outros tantos mutilados, alguns duplicados [tri e quintuplicados], os tais contraditórios, os risíveis, os errados, além dos incompreensíveis e os que se negam. 
Textos desta maneira não podem ser inspirados por Deus, nem se podem avocar épocas ou graus de cultura e intelectualidades dos escritores bíblicos, porque qualquer divina inspiração é suficiente para torná-los iguais, sem erros presumíveis, sem contradições ou divergências, por simples que se possam parecer. 
Assim, devemos entender que Jesus ou curou um leproso após visita à casa de Pedro (Marcos 1: 29 e 40-42), ou a cura ocorreu antes da visita conforme nos diz Mateus 8: 2-4 e 14. Óbvio entendermos que o foco dos escritores foi o fenômeno da cura, sem se importar se antes ou depois de alguma visita, todavia o antes e o depois podem ser frutos de inspiração de uma mesma fonte, inerrante, diga-se de passagem.
Mateus, segundo o livro que leva seu nome, 9: 9, relata-nos sua conversão depois que Jesus acalmou uma tempestade (Mateus 8: 26), enquanto Marcos nos informa que a conversão acontecera antes do apaziguamento do temporal (Marcos 2: 14 e 4: 39).
Da tentação de Cristo, um deus ainda que humanizado, o Diabo como criatura jamais iria derrubar quem era o mesmo Deus, portanto apenas uma ilustração sem ajustes entre Mateus 4: 5-8 com Lucas 4: 5-9, sem nos dar o veredicto se Tentador primeiro conduziu o Redentor ao pináculo do templo, ou a um lugar alto o suficiente para enxergar todos os reinos do mundo.
No sermão da montanha Jesus pronuncia nove bem-aventuranças e uma exultação curta (Mateus 5: 3-12), que Lucas (6: 20-29) resume em apenas quatro e uma longa exultação.
Um centurião se achegou a Jesus para interceder por seu criado enfermo (Mateus 8: 5-7), contudo em Lucas 7: 1-7 o ilustre personagem enviou intermediário.
Jesus promoveu o fenômeno da transfiguração seis dias (Mateus 17: 1-2) após a profecia de sua agonia redentorista, que Lucas 9: 28-29 retratou acontecida não sete ou quase sete dias depois, e sim quase oito dias daquele evento profético. E naquele vaticínio o mestre foi peremptório que "Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino" - Mateus 16: 28, um paralelo com Marcos 9:1 e Lucas 9:27, enganoso, quando sabemos nenhum daqueles ainda vivos.
A ambição de Tiago e João, por Marcos 10: 35-37, os levou requerer do Mestre posições de destaques quando da instauração do reino, que eles esperavam material, com isso a causar constrangimentos tal entre os seguidores de Jesus que, em Mateus 20: 20-21, o autor coloca que o pedido se fez pela mãe dos dois apóstolos. 
Nas andanças do Mestre, certa feita, ao deixar Jericó, teve um encontro com dois homens cegos, na emocionante narrativa de Mateus 20: 29-30, em contraposição com Marcos 10: 46-47 que viu tão somente um homem cego.
A figueira foi amaldiçoada por Jesus após este ter deixado o templo, e secou imediatamente - Mateus 21: 17-19, enquanto para Marcos 11: 14-15 e 20, a maldição foi lançada antes de Jesus entrar no Templo, e somente no dia seguinte os discípulos observaram-na seca. 

8. Estas certamente são palavras que Jesus não falou
“Como saberemos a palavra que o Senhor falou? Quando tal profeta falar em nome do Senhor e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou (...)” – Deuteronômio 18: 21-22.
A realidade do profeta estava no cumprimento de suas predições, um critério quase nada seguro, mas o único, para sabê-lo verdadeiro ou falso.
Desde o princípio bíblico as relações humano-divinas se fundamentaram nos projetos do criador para com a criatura, assim, por exemplo, o homem habitar o Paraíso para sempre, um objetivo frustrado em causa da não resistência humana ao Tentador, sem nenhum douto até hoje esclarecer porque ordem o Inimigo estava lá no Éden, ou porque lhe foi permitido induzir Eva ao pecado. 
Aliás, nisto se pode questionar a perfeição divina, primeiramente ao fazer os anjos não prevendo a Grande Rebelião, depois criar o humano à sua imagem e semelhança para a eternidade paradisíaca, sem os cuidados de impedir a entrada daquele que derruiria seu projeto terrestre. Impossível imaginar Deus, onipotente, onipresente, onisciente e onímodo, não conhecer antecipadamente os acontecimentos desastrosos, não só para a humanidade quanto para o seu próprio caráter. 
"E viu Deus tudo quanto tinha feito e eis que era muito bom" (Gênesis 1: 3). Mas, não foram apenas nas ações projetadas que o Criador se equivocou; também suas promessas para o futuro, ditadas diretamente ao homem ou através de seus ungidos, muitas delas não se concretizaram, conforme algumas citadas.
Afora os imprevistos com os despejados do Éden, Deus falhou em sua palavra dada a Noé, Gênesis 6:13, quando ao arrepender-se com a criação humana decidiu exterminar todo ser vivente da face da terra, exceto a família de seu escolhido e um casal de cada animal posto na arca da salvação. Certamente essa ira não atingiu os peixes nem os 'Nefilin', os gigantes e heróis da antiguidade, vistos em Gênesis 6:4 e, igualmente, após do dilúvio - Números 13: 33 e referências.
Mais adiante Deus se revelou ao Abraão, Gênesis 12: 1-3, para lhe determinar o seu propósito e natureza formar o povo escolhido e em qual região. A formação pré-tribal dos semitas de Ló e de Abraão foi forjada, durante os cem anos de peregrinações na Palestina e terras do Egito, à custa de tantas guerras com os povos que muito antes já habitavam a região.
Numa estratégia militar bastante eficiente o povo de Ló partiu para a conquista de trecho do rio Jordão ao sul e norte do Mar Morto e até Segor, a parte mais meridional ao mesmo Mar Morto, além de Sodoma e Gomorra, enquanto Abraão, e é ele quem nos interessa, foi à conquista de parte de Canaã, Gênesis 13: 15, como prêmio pela sua fé desde a saída de Ur, através de pacto selado com predição divina futurista, sem nenhuma condicional, "À tua descendência dou esta terra, desde o rio do Egito [Nilo] até o grande rio, o Eufrates" (Gênesis 15: 18).
Avançando estrategicamente sobre a região prometida, Abraão não sentiu resistência significativa aos seus avanços dominiais, com vigor tal a ponto de uma nova aliança com Deus, agora a lhe outorgar todo o território entre o Mediterrâneo e o rio Jordão, para os descendentes para nela habitar para sempre, condicionada à ablação do prepúcio dos seus descendentes varões (Gênesis 17: 1-10). 
Os inimigos se uniram primeiro para deter Ló, cuja tribo logo se agregou a outras da região para perder sua identidade; depois para forçar Abraão recuar para o planalto montanhoso, a oeste do Jordão, sem chegar ao esperado Eufrates, nem ao menos até o Nilo bem mais próximo. Aliás, Abraão jamais se fixou em lugar nenhum, em andanças por cem anos na Terra prometida, entre Siquem, Betel, Hebrom e Berseba, ou seja, percorrendo a parte mais central e a do sul - vizinho ao Egito.
Hebreus, 11: 8-22, em relato histórico sobre os patriarcas, observa em verso 13 que a descendência de Abraão, Isaac e Jacó – antes do êxodo, não receberam a promessa divina de possuir a Terra de Canaã.
Talvez pela primeira vez ocorreu a Abraão a compreensão que a promessa divina não era para ele, e sim para a sua descendência, o que levou Josué, séculos mais tarde, reivindicar o direito hebreu à Terra Prometida até o Eufrates, Livro de Josué 1: 3-4, já esquecendo o Nilo dentro do território de um inimigo muito mais forte e guerreiro, o Egito. A promessa jamais se concretizou até os dias atuais, embora biblistas ainda mantenham esperanças para tais acontecimentos, no fim dos tempos, quem sabe alguma grande guerra que leve Israel aniquilar todos atuais ocupantes das terras prometidas. 
Os hebreus descendentes de Abraão, primeiro Isaac, depois Jacó, igualmente perambularam pela região, por mais ou menos 215 anos quando da entrada no Egito, onde estava o filho José, já primeiro ministro do Faraó.
A estadia no Egito teria durado igual 215 anos, pela Septuaginta e a Versão Samari-tana, ou 430 anos pela tradição cristã, conforme Gálatas 3: 17, pela somatória de peregrina-ção de 215 anos a partir de Abraão, e outros 215 anos em terra egípcia. Pela tradição hebraica os dois tempos atingem quase 645 anos, ou seja, 430 anos em Êxodo 12: 40, e mais aqueles 215 anos peregrinos.
O profético adeus de Jacó, em terras do Egito, ao dividir a família em tribos, lança para Judá o cetro de Israel, "Não se afastará o cetro de Judá nem o bastão do comando entre os teus pés, até que venha aquele [pré-figuração de Jesus] ao qual pertence, a quem devem os povos a obediência" (Gênesis 49: 10. 
Os exegetas entendem que o velho patriarca prediz o poder político para a tribo de Judá, a partir do Rei Davi até a vinda de Jesus, de geração em geração conforme estabeleci-do uma promessa a Davi, em Salmos 89: 4-5, “Estreitei um pacto com o meu escolhido, jurei a Davi meu servo: conservarei a tua linhagem para sempre, e por todas as gerações fundarei o teu trono”, com ratificação no mesmo Salmos 89, versos 31-38 ainda que os descendentes possam se desvirtuar "eu juro pela minha santidade, não faltarei à palavra a Davi" – versículo 36. 
A profecia falhou quando da vacância do trono, com deposição do jovem rei Joiaquim [569 AEC], também chamado Jeconias ficando o trono por um período em mãos de Matanias [chamado Sedecias pelos babilônicos], tirado do trono quando da deportação dos restantes judeus. O trono voltou a Joiaquim, na condição de rei vassalo sobre os judeus cativos, uma benevolência do rei Evilmerodac – filho sucessor de Nabucodonozor (561 AEC). 
Com o fim da guerra contra os gregos dominantes, restabeleceu-se o trono judeu com a Dinastia Hasmoneana (140/36 AEC), apenas figurativa até a conquista de Jerusalém, pelos romanos, no ano 63 AEC, mas sobre a ocupação do trono davídico, por algum descendente, ainda existe a promessa neotestamentária - Lucas 1: 32-33, que Jesus restaurará o trono para sempre, a velha predição de Jacó lá em Gênesis 49: 10. 
O levante contra Antíoco inicia-se em 165 AEC, por Judas Macabeu, até o resta-belecimento da independência, sob a dinastia Hasmoneana. 
Tecnicamente todas as profecias bíblicas do Velho Testamento são carentes de cumprimento sem adaptações e justificativas do porque falharam. De todas as ordens divinas para extermínio de vidas humanas e animais, além do arrasamento total do lugar para sempre, se pode ver mais adiante sobreviventes ou descendentes, o lugar novamente povoado, e sempre porque os ordenados por Deus nau cumpriram à risca as determinações, e castigados então, obviamente a tratar-se de textos justificativos para se livrar responsabilidades às deficiências das previsões de Yavé.
São exemplos notoriamente conhecidos e não acontecidos os textos em Isaías 17: 1, na célebre profecia contra Damasco ser transformada num montão de ruí-nas, e em Jeremias 9: 11 quando diz de Jerusalém e as demais cidades de Judá e Israel inabitadas senão por bestas feras.
Nenhuma das profecias, chamadas Oráculos Contra as Nações Circunvizinhas a Israel – Ezequiel capítulos 25 aos 29, se cumpriu, a exemplo da dispersão egípcia, num período de quarenta anos período que a nação seria desolação e ruína, conforme Ezequiel 29: 1-12. 
As célebres presciências a respeito de Babilônia, até hoje celebrizadas "Caiu caiu a Grande Babilônia" com tantos sentidos figurativos, não têm consistência histórica. Babilônia chamada de Martelo de Deus para punição dos culpados e impenitentes, teria seu fim de violenta destruição pelo predito em Jeremias 51 e referências.
Referido texto profético de Jeremias é corrompido e obscuro, cujos escritos são de épocas diferentes para um contexto histórico, além da linguagem de retóricas – metáforas acrescentadas provavelmente no século II da era atual, após a desabitação de Babilônia. Por conseguinte se sabe que o local não teve nenhum desaparecimento violento à maneira de inopinada destruição posta por Jeremias, nem acontecida as resultantes descritas no livro Isaías capítulo 14 versos 4-23, aí uma composição mordaz. 
Babilônia tornou-se decadente quando do reino de Seleuco, 312/280 AEC, ao perder sua importância em relação a Ópis, nova capital rebatizada Seleucia, para onde se mudaram os principais babilônicos e construtores. Ainda, por uns duzentos anos se tem Babilônia como grande cidade, ainda que decadente, com registros que no ano 20 AEC já era desabitada em grande parte e suas construções principais desmoronadas, vindo seu desaparecimento total nos tempos do reinado de Trajano [98-117 EC], quando os últimos habitantes deixaram o local, com a conseqüente ruína de suas ultimas construções. 
Outros célebres exemplos de vaticínios estão em Isaias, postos pelo primeiro autor [capítulos 1 ao 39] desde a sua escolha como Profeta, a traduzir o pensamento judaico da época, diante de abundantes acontecimentos políticos, às desgraças consequentes das condições morais e religiosas, o ungido a predizer-lhe os horrores dos castigos divinos pelo desvio de comportamento do povo, abrandado com perspectivas de uma vida nova. Tem-se que a primeira parte do livro Isaias foi concluída em 732 AEC (Caiu a Grande Babilônia (...) - Publicação Torre de Vigia, edição 1972, páginas 277). 
Entre 721/719 AEC o reino de Israel [as dez tribos ao norte] foi levado cativo pelo rei Sargão, da Assíria, que colocou outras pessoas de deferentes nacionalidades na região, trocando estrangeiros com os israelitas por todo o seu império, levando-os ao desaparecimento nacional – as dez tribos perdidas de Israel. O reino de Judá [as duas tribos do sul], somente foi cativa em 614/587 AEC, nas mãos dos babilônios, para retornar em 537 AEC.
O autor do primeiro Isaias, ainda dentro do sistema monolátrico e de um deus nacional, revela os estigmas de seu povo e lança os temas messiânicos desenvolvidos pelo segundo autor de Isaias, a partir do capítulo 40, já sob a égide de uma pretensão monoteísta universal, sem dúvidas israelocêntrica. 
O primeiro Isaias lança a célebre profecia "Eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho ao qual se dará o nome Emanuel" (Isaias 7:14) que o escritor de Mateus coloca por realizado no nascimento virgíneo de Jesus, quando na verdade tal predição refere-se a um libertador [Emanuel] (Isaias 8: 5-8), encarnado posteriormente na pessoa do Imperador Ciro (Isaias 42: 5-9), que restitui a liberdade para os judeus, isto é, promoveu o livramento do povo então cativo.
O segundo Isaias, capítulos 40 aos 66, foi escrito depois que Ciro assumiu o poder medo-persa em 537 AEC, comprovados por estilo de linguagem e os textos alinhados aos interesses do Imperador;
Não diferiam de Isaias os demais profetas, afinal Israel era o povo eleito de Deus, repositório da palavra divina e o responsável pela introdução do Messias para o estabelecimento do reino de Deus aqui na Terra, evidentemente Jerusalém por capital.
Dadas constantes falhas proféticas sobre o livramento da nação judaica, quase sempre sob dominações estrangeiras, levaram os profetas, a exemplo de Miqueias 7: 13 e referências, num acréscimo secundário, ainda a lançar expectativas de uma Jerusalém expandida – para onde viriam todos os seus exilados e dispersos para a reconstrução pátria, enquanto o restante da terra sofreria uma cessação de vida – de todo ser vivente, em causa dos pecados de suas gentes. Não aconteceu, pelo menos a desolação profetizada sobre as nações.
Segundo o mesmo texto em Miqueias, na Jerusalém haveria o renascimento re-ligioso onde se apagariam todas antigas infiltrações de estrangeirismos em seus cultos, ou seja, sem influências do pensamento grego e do expansionismo romano que lhe foi impostado, situações num futuro adotadas pelo cristianismo, tendo como base a mística do próprio judaísmo de quem absorveu o seu Deus, os textos sagrados e o Messias em Jesus, que os próprios judeus recusaram aceitar. 
O Messias [Governante] transforma-se em Libertador Ideal, mas não real, nas vezes que o povo eleito está sob dominação estrangeira. Com a não apresentação do Messias ou o seu tardamento, todos os profetas lamentam a ocorrência, contudo ainda mantêm a esperança mística da instauração do Reino de Deus na Terra. 
Falhando na introdução do Messias - geralmente mortos pelos dominadores ou fracassados por si mesmos, os judeus criaram a figura do Messias Sofredor, posto nos sagrados escritos após o fracasso de Bar Kochebas - a estrela de Davi, no ano 136. Bar Kochebas, enquanto vivo, foi reconhecido pelo rabinato como o Messias aguardado pelos judeus; já não tinham mais a esperança de um reino universal a partir de Jerusalém.
Os cristãos apontam a certeza de um Jesus histórico fundamentado em narrativas simples – os evangelhos, como de fato ocorridas, mediante o recurso de transposições de textos do Antigo Testamento cumpridos em Jesus, uma técnica acontecida no século II para se justificar alguns dos mistérios da sua vida. Um fato bastante conhecido trata-se da ocorrência vista em Mateus 27: 35 e referências evangélicas "E havendo-o crucificado, repartiram os seus vestidos, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si os meus vestidos, e sobre minha túnica lançaram sortes", texto respaldado e cumprido à letra em Salmos 22: 18 ou 19, a depender da versão. 
Embora queiram os cristãos hoje abranger todo aquele Salmo ao Messias sofredor, o texto não é profético e sim uma melodia do Rei Davi, a tratar-se de transposição de textos quando se buscava a historicidade de Jesus em cumprimentos proféticos.
Em nota de rodapé, às páginas 220 da Pequena História das Grandes Religiões (Félicien Challaye – Ibrasa 1967), sobre o assunto, mostra outras transposições expositoras das profecias do Velho Testamento cumpridas em Jesus: 
  • Nascimento Virginal: Isaias 7: 14 para Mateus 1: 20.
  • Nascimento em Belém: Miquéias 5: 1 [PIBR] ou 5: 2 [Ferreira] para Mateus 5: 39.
  • A qualidade do Nazareno: Juízes 13: 5; e Números 6: 1. 
  • A fuga para o Egito: Oseias 11: 1 para Mateus 2: 15.
  • Entrada de Jesus em Jerusalém sobre um jumentinho: Zacarias 9: 9 para Mateus 21: 5.
  • A expulsão dos vendilhões no Templo: Isaias 56: 7 para Mateus 21: 13.
  • O preço da traição: Zacarias 11: 11-13 para Mateus 27: 9-10. Mateus cita Jeremias no oráculo, mas não encontramos referências. 
  • A Paixão de Cristo: Isaias 50 e 53, Salmos 22, em Mateus capítulos 26 e 28.
Nenhum dos textos mencionados no Velho Testamento está diretamente relacionado com Jesus; apenas o Novo Testamento faz citações isoladas "assim está escrito" ou para "cumprir a escritura" e frases do gênero.
As profecias bíblicas neotestamentárias de maiores significados centram-se no fim dos tempos, parusia e juízo final, conforme nos discursos escatológicos narrados em Mateus capítulos 24 e 25, mais as referências, todos aqueles acontecimentos estavam previstos para aquela geração, segundo Jesus: "Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino" (Mateus 16:28). O Mestre faz, ainda, uma alusão possível: " Se eu quero que ele [João] fique até que eu venha, que tens com isso" (João 21: 22). 
O primeiro livro bíblico neotestamentário, Tessalonicenses 4: 15-17 [posteriormente denominado I Tessalonicenses], a Igreja Primitiva considerava em breve o retorno de Cristo: "depois nós, os vivos, os que ficarmos". Outras referências vinculadas ao texto ratificam o pensamento que o retorno de Cristo era esperado para aqueles tempos, já identificados os anti-Cristos, dissidentes da Igreja (I João 2: 18-19), sinais prenunciadores da volta de Jesus.
Cada geração de cristãos buscou para si o cumprimento para o fim dos tempos. Interessante uma interpretação profética recente para o fim dos tempos. Num aparte neste capítulo colocamos as profecias populares, aquilo que a Bíblia diz de alguns feitos desconhecidos quando escritos e hoje presentes no dia a dia da humanidade. Nestes aspectos alguns textos [Tradução Ferreira de Almeida 1958] mostram-nos certas curiosidades:
  • Vácuo - Jó 6: 18 "sobem ao vácuo e lá perecem".
  • Energia - Jó 28: 11 "Os rios tapa, e nem uma gota sai deles, e tira para a luz o que estava escondido".
  • Impressões digitais ou identificação palmar - Jó 37:-7 "Ele sela as mãos de todo o homem para que conheçam todos os homens a n sua obra". 
  • Tanque de guerra - Jó 41, todo o capítulo versa sobre alguma coisa móvel de aparência entre o hipopótamo e o crocodilo, e, pelas descrições desde o capítulo 40: 15 faz entender um moderno tanque de guerra.
  • Televisão – Salmos 101: 3 "Não porei coisa má diante dos meus olhos". 
  • Globo terrestre - Isaias 40: 22 "Ele é o que está assentado sobre o globo da terra".
  • Helicóptero - Ezequiel capítulo 1, para alguns um OVNI, mais acertadamente um helicóptero. O texto é confuso e não dá para fazer nenhuma descrição exata daquilo que realmente viu Ezequiel. 
  • Viagem espacial - Obadias 1:4 "Se te elevares como águia, e puseres teu ninho entre as estrelas".
  • Veículos [automotores] - Naum 2: 4 "Os carros se enfurecerão nas praças, chocar-se-ão nas ruas; o seu parecer é como o de tochas, correrão como relâmpagos". 
  • Míssil - Zacarias 5: 2-3 "Vejo um rolo voante (...) Esta é a maldição". 
  • Internet/TV - Apocalipse 11: 9 "E os homens de vários povos, e tribos e línguas, e nações verão seus corpos mortos por três dias e meio".

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9. Bibliografia:
Das referências/citações não mencionadas, parte do presente estudo teve desenvolvimento a partir do trabalho 'Contradições da Bíblia', de José Edson de Alencar, Juazeiro do Norte - Ceará (Apud : Tatiene Sales, São Paulo), e de outros textos colhidos da internet (fontes incertas), entendidos todos de livre interpretação - igual ou diferente, como assunto de domínio público.
    • Quaisquer observações ou que tenhamos ofendido direitos autorais - citações sem referências, por favor entre em contato imediato com Celso Prado, pradocel@gmail.com, para os acertos imediatos.
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