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sábado, 3 de abril de 2010

A HISTÓRIA DE JESUS CHAMADO O CRISTO

1. Das teogonias e enfoques teologais
Jesus Cristo, ou nele se crê como rezam os evangelhos, as tradições, postulados e dogmas, e aí não há discussão, ou então se questiona até mesmo sua própria historicidade.
Teria existido na Judeia, sobretudo na Galileia, um homem chamado Jesus - O Cristo, hoje pregado e venerado pelos cristãos?
Não há registro histórico algum de tal probabilidade; para se encontrar o Jesus dos cristãos, há de se recorrer sempre aos evangelhos e textos bíblicos neotestamentários, ao lado de coletâneas de escritos da denominada literatura cristã.
Justus de Tiberíades, contemporâneo de Jesus que residia na vizinha cidade de Cafarnaum (Mateus 4: 13), não escreveu sequer uma linha a respeito dele em sua obra, uma extensa crônica desde os tempos de Moisés à época; é de se admirar que um homem com os feitos de Jesus, ainda que judeu dissidente religioso, não tenha merecido uma nota qualquer de tão detalhista historiador.(Pequena História das Grandes Religiões, Félicien Challaye, Ibrasa - 2ª. edição, 1967: 218].
Flávio Josefo, autor da obra Antiguidades Judaicas (cerca de 93 EC.), que narra a saga e história do povo judeu desde tempos imemoriais até a época de Nero, nenhuma nota dedicou sobre Jesus e seguidores, ignorando-os por completo, e no entanto descreveu sobre os contemporâneos daqueles, como Herodes, Pilatos e João Batista, narrando minuciosamente os fatos políticos, religiosos e sociais da nação judia; existe, entretanto, no Livro XVIII - capítulo III - Antiguidades Judaicas, certa passagem denominada pelos clérigos e estudiosos cristãos como 'Testimonium Flavianum', que diz:
"Viveu também naquele tempo Jesus, homem sábio, [se é que pode ser chamado de homem], porque fez coisas admiráveis, ensinando aos que almejavam inspirar-se na verdade. Não só foi seguido de muitos hebreus, mas também por gregos. [Era o Cristo]. E, acusado pelos principais da nossa nação perante Pilatos, este O mandou crucificar. Seus partidários não O abandonaram nem depois de morto. [Vivo e ressuscitado, apareceu-lhes ao terceiro dia, como os santos profetas o haviam predito, para efetuar mil outras obras milagrosas]. E mesmo hoje a raça daqueles que por causa Dele se chamam 'messianistas' ainda não se extinguiu".
Estudos fundamentados na obra, O Homem em busca de Deus, afirma que Josefo "Este mesmo historiador também atesta a existência histórica de Jesus Cristo" (Sociedade Torre de Vigias de Bíblia e Tratados, 1990: 67, por citação "segundo texto tradicional de Josefo, nota de rodapé, página 48 da edição da Harvard University Press, volume IX"). Também, no livro O Super Homem na História, a transcrição de Josefo sobre a historicidade de Jesus (Daniel Hammerly Dupuy, 7ª. Edição, Casa Publicadora Brasileira, 1945: 33-34). Dupuy, embora sustentando a originalidade do texto de Josefo, admite intercalações apócrifas, conforme opiniões consideradas por críticos.
Os primeiros doutores da Igreja não mencionaram estas palavras de Josefo nos séculos iniciais do cristianismo, embora sejam constantes referências outras às obras do historiador. 
Daniel H. Dupuy, à página 34 de sua obra "Alguns têm pretendido pôr em dúvida essa referência de Josefo [quando expressou que Jesus era o Cristo], mas não é esse o único lugar em seus escritos em que fala de Jesus. No Capítulo XVI da mesma obra , menciona incidentalmente a 'Jesus que se diz o Cristo'-".
O historiador Josefo, na qualidade de judeu convicto não escreveria, ainda que incidentalmente, alguma referência assim a respeito de Jesus. Os textos atribuídos a Josefo, a respeito de Jesus, não merecem créditos, segundo opinião unânime de estudiosos, considerados documentos forjados e introduzidos em sua obra no século III, por algum cristão anônimo, entre duas passagens que se completam naturalmente, sem a necessidade de referidos textos, que apenas destoam assuntos.
Suetônio (c. 69/140 ou 65/135), historiador romano, descreve em sua obra intitulada 'Os Doze Césares', sobre uma conturbação de ordem social acontecida em Roma, por volta do ano 52, provocada por certo Chrestos: "Visto que os judeus em Roma causavam contínua perturbação à instigação de Cresto, ele os expulsou da cidade", (Sociedade Torre de Vigias de Bíblia e Tratados - op.cit, página 237).
Os cristãos vêem neste Chrestos a figura de Jesus, contudo verifica-se que o texto não diz "por causa do nome de..." ou alguma outra indicação na qual se possa identificar o Cristo (Jesus). Parece-nos, e isto é o mais correto, que em Roma tenha existido um homem por nome de Chrestos, agitador líder daquele episódio. 
O mesmo Suetônio menciona a Seita dos Cristãos, em sua outra obra 'Os Três Tiranos: Vida de Nero', mas nada diz sobre Jesus: "(Nero) enfureceu-se contra os cristãos, homens que se entregavam a uma superstição e aos sortilégios" (Apud Daniel H. Dupuy, op.cit, página 30).
Das considerações atribuídas a La Sagesse (Jesus Cristo Nunca Existiu), dentre os documentos de Qurâm, destacam-se:
  • Um texto tido como autoria de Habacuc, se refere a certo Crestus traído por Judas, sacerdote dissidente, numa história bastante próxima a de Jesus, todavia antecedendo-a pelo menos em cem anos. 
  • Que esse Crestus, também citado por Luiz Ganeval ('Jesus, perante a história, nunca existiu', Cap. IV: —Genebra, 1874), seria personagem divina cultuada em Alexandria, e que fora em torno deste nome que os judeus e egípcios tumultuaram Roma. 
    • La Sagesse (A Sabedoria) seria um dos pseudônimos de Emílio Bossi (1870/1920), o outro foi Milesbo, e, aparentemente a referência feita por La Sagesse ao Emílio Bossi - em 'Jesus Cristo nunca existiu'), para alguns apenas apreciação indicativa a si mesmo.
Temos resistências às pretensões de La Sagesse quanto a esse Crestus, pela ausência de detalhes e de historicidade comprovada. Outrossim, não concluímos que Suetônio tenha se referido aos seguidores de Crestus como os perseguidos por Nero, e sim aos cristãos de Jesus, cujo nome já se encontrava em ascensão por ocasião daqueles escritos. Aceitando tratar-se de textos apócrifos, posteriormente atribuídos e acrescentados à obra que nada diz respeito a um Jesus histórico.
Plínio, o Moço, no ano 105 ou 111 (por fontes diferentes de informações), teria escrito a seguinte carta ao Imperador Trajano:
"Senhor, tenho por costume recorrer a ti para que desfaças todas as minhas dúvidas; por que, quem poderá orientar melhor meu vagaroso modo de pro-ceder, ou instruir minha ignorância? Nunca assisti ao interrogatório dos cristãos [por causa dos outros], razão porque ignoro os costumes que devem ser observados e quais deles e em que medida devem ser castigados: nem são pequenas minhas dúvidas no tocante à questão de se fazer ou não diferença com as idades [dos acusados], e se os jovens delicados devem receber o mesmo castigo que os homens fortes, si se deve perdoar aos que se arrependem, ou se nada aproveita ao que tenha sido cristão abandonar o cristianismo; se o adotar o nome, sem nenhum outro crime, ou crime implicado pelo nome, deve ser castigado. Tenho procedido da seguinte maneira com os que me foram trazidos como cristãos: perguntava-lhes se eram cristãos ou não. Se confessavam o serem, tornava a lhes perguntar, e uma terceira vez, intercalando ameaças com perguntas: se perseveravam em sua confissão, ordenava que fossem executados; porque não duvidava de que, qualquer que fosse a natureza da confissão, esta porfia e inflexível obstinação mereciam ser castigadas. Houve alguns dessa seita, dos quais cheguei a saber que eram cidadãos romanos, que poderiam ser enviados a Roma. Depois de algum tempo, como sói acontecer em tais julgamentos, o crime se estendeu, e se me apresentaram muitos casos mais. Foi-me enviado um libelo, ainda que anônimo, o qual continha muitos nomes [de pessoas acusadas]. Negaram ser cristãs agora, ou que alguma vez o tivessem sido. Invocaram os deuses; e suplicaram à tua imagem, a qual fiz trazer com este propósito, com incenso e vinho; também amaldiçoaram a Cristo: nenhuma destas coisas, segundo fui informado, qualquer pessoa que seja verdadeiramente cristã fará; achei portanto que devia absolve-los. Outros dos mencionados no libelo, disseram ter sido cristãos, mas negaram que fossem então; que realmente o haviam sido, mas que tinham deixado de ser, alguns já havia três anos, outros ainda muito mais tempo; e um deles disse que abandonara a religião havia vinte anos. Todos estes adoraram tua imagem, e as imagens de teus deuses: também amaldiçoaram a Cristo. Não obstante afirmaram que sua principal falta ou erro era este: costumavam, em determinado dia, reunir-se antes do amanhecer, e cantar em coro um hino a Cristo, como a um Deus; e comprometer-se por um sacramento [ou juramento], a não fazer nada de mau, a não cometer roubo, nem furto, nem adultério; a não quebrar suas promessas, nem negar o que se lhes houvesse confiado, quando se lhes requeresse a devolução; depois disto costumavam separar-se, e reunir-se de novo para participar de um alimento comum e inocente, o que haviam deixado em obediência ao edito que publiquei sob tua ordem, no qual eu lhes proibia tais conciliábulos. Esses interrogatórios me levaram a pensar que era necessário inquirir a verdade por meio de tormentos, coisas que fiz com duas serventes, que eram chamadas diaconisas; mas com tudo isso, descobri apenas que pertenciam a uma ruim e extravagante superstição. Fiz todas as investigações possíveis, e recorro a ti, porque o assunto me parece bem digno de consulta, especialmente por causa dos que estão em perigo; porquanto são muitos e de todas as idades, de todas as classes sociais, e de ambos os sexos, os que agora e daqui por diante provavelmente hão de ser chamados a juízo, e hão de estar em perigo, porque essa superstição se estende como um contágio, não só nas cidades e vilas, mas também nas aldeias, coisa que não é de se duvidar possa ser detida e corrigida." (Dupuy, op.cit, p: 30-31).
Plínio nesta carta enfocou as atividades cristãs e seus problemas jurídicos ou de julgamento, já mencionando o Cristo como um Deus, numa época que o cristianismo se mostrava crescente em todos os segmentos sociais.
O Imperador respondeu a esta carta de Plínio:
"Meu Plínio, seguiste o método correto no julgamento dos casos dos que haviam sido acusados de ser cristãos, porque realmente não se pode estabelecer uma forma precisa e geral de julgar esses casos. Esta gente não deve ser buscada; mas se é acusada e confessa, deve ser castigada; mas com esta precaução: o que negue ser cristão, e torne claro que não o é, suplicando a nossos deuses, embora o tenha sido anteriormente, seja perdoado em virtude de seu arrependimento. Quanto aos libelos anônimos, não deviam ser tomados em conta em nenhuma acusação, porque seria precedente muito mau, e nada agradável para meu reino" (Dupuy, op,cit, p: 31-32).
A despeito que tais documentos não sejam considerados autênticos, entende-se que Plínio não se limita apenas a relatar fatos - caso fosse o real autor da carta, forçando em demasia para a existência de uma divindade em Cristo, o que em absoluto seria a sua fé, fato que por si já demonstraria certa fragilidade do texto como histórico, se tal não fosse uma farsa.
Dupuy, às páginas 29 de sua citada obra, faz uma citação a Luciano (125/192), orador, panfletista e satírico da literatura grega, identificando-o como autor do trabalho 'A Morte do Peregrino', ao expor a história daquele taumaturgo:
"(...) cuja morte presenciou, e do qual diz, entre outras coisas, do seu passado, que aprendeu a admirável ciência dos cristãos, tratando na Palestina com seus escribas e sacerdotes (...). Consideravam-no Legislador e lhe chamavam seu pontífice, como àquele grande Homem crucificado na Palestina por haver pregado uma nova religião aos mortais (...). Quando mudam de religião, rejeitam os deuses gregos, e adoram o sofista crucificado, vivendo conforme às suas leis".
Vejamos: Luciano descreve sobre um homem que diz e "do qual diz entre outras coisas de seu passado", sem contudo demonstrar evidência histórica. Sabe-se hoje que, das oitenta e duas obras atribuídas a Luciano, pelo menos trinta delas são consideradas apócrifas, de acordo com o Dicionário Enciclopédico Brasileiro.
Lamprídio, possivelmente o filho do grande escritor grego do mesmo nome ((Dupuy não o identifica), em seus trabalhos históricos sobre Heliogabulus (Imperador de Roma, nascido em 204 e morto em 222) e Alexandre Severo (Imperador romano a partir de 235), menciona os cristãos e o nome de Jesus Cristo e sua doutrina, segundo Depuy às páginas 29, todavia numa época já muito distante dos tempos de Jesus, quando o nome deste já se achava consagrado.
O notável historiador latino Tácito (55/120), ao descrever sobre a vida de Nero, em 115, reportando-se a fatos de noventa anos antes, faz referências a um homem chamado Jesus (Helger Kersten, Jesus Viveu na Índia, Editora Best Seller, 1986).
De Dupuy colhemos a seguinte alusão ao incêndio de Roma, por Nero - texto transcrito da Obra Anais de Caio Cornélio Tácito, Livro XV, capítulo XLIV:
"Mas nem com favores, donativos e liberalidades do príncipe, nem com as medidas que se tomavam para aplacar a ira dos deuses era possível suprimir a infâmia da opinião corrente de que o incêndio tinha sido voluntário. E assim Nero, para silenciar essa voz e eximir-se da culpa, apontou como responsáveis por ele, e começou a castigar com estranhos gêneros de tormento, a uns homens aborrecidos pelo vulgo por causa de seu fanatismo, comumente chamados cristãos. Esse nome proveio de Cristo que, sob o governo de Tibério, tinha sido justiçado por ordem de Pôncio Pilatos, procurador da Judéia: e, embora por aquele tempo se reprimisse até certo ponto a perniciosa superstição, tornava a ganhar terreno não só na Judeia, origem desse mal, mas também em Roma, onde chegam e se praticam todas as coisas cruéis e vergonhosas que há nas demais partes. A princípio foram castigados os que professavam publicamente essa religião, e depois, por indicações destes, uma multidão infinita (...). Despertavam, todavia, a compaixão e grande lástima, como pessoas a que se tirava tão impiedosamente a vida, não para proveito público, mas sim para satisfazer a crueldade de um único indivíduo.
Na visão de Challaye (op.cit) "este texto, de 115-117, prova somente que a lenda que aproxima esses nomes começa a fixar-se".
Filon de Alexandria, judeu contemporâneo de Jesus, especialista em assuntos religiosos e seitas judaicas, em nenhum de seus cinco trabalhos menciona o nome de Jesus. Existe, todavia, um relato, ao gosto dos cristãos (que inclusive distribuem panfletos, reproduzidos aos milhares e entregues aos fiéis e interessados), como prova inconteste da historicidade de Jesus.
Trata-se de uma carta atribuída a Públius Lêntulus, procônsul da Judéia e na qualidade de testemunha ocular de Jesus e dos acontecimentos da época, ao então Imperador Tibério César. O documento informa a respeito da figura de Jesus, numa visão bastante apologética e de mínimos detalhes, como magnífico tratado a respeito de Jesus.
Um desses panfletos intitulado, 'Retrato de Jesus' apresenta introdução explicativa:
"Em Roma, no arquivo do Duque de Cesadini, foi encontrada uma carta de Públio Lêntulus, pró-cônsul da Galiléia, dirigida ao Imperador Romano, Tibério César, em virtude de este ter interpelado ao Senado Romano acerca do Cristo, de quem tanto lhe falavam".
Eis a carta que é um retrato fiel de Jesus":
"Sabendo que desejais conhecer quanto vou narrar: existindo nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do Céu e da Terra e todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em verdade oh! César, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus; ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra: é um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto. Há tanta majestade no rosto, que aqueles que o vêem são forçados a ama-lo ou teme-lo. Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura, são distendidos até às orelhas, e das orelhas até às espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes. Tem no meio da sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos Nazarenos; o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio; seu olhar é muito especioso e grave; tem os olhos graciosos e claros; o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende apavora e quando ameniza faz chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade. Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belos; na palestra contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele alguém se aproxima, verifica que é muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante a sua Mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo jamais visto, por estas partes, uma donzela tão bela.
(...).
De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém em sua presença, falando com ele, tremem e admiram. Dizem que um tal homem nunca vira ouvido por estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, com ensina este Jesus; muitos judeus o têm como Divino e muitos me queleram afirmando que é contra lei de tua Majestade.
(...).
Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam Ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém à tua obediência estou prontíssimo - aquilo que Tua Majestade ordenar será cumprido.
Vale da Majestade Tua, Fidelíssimo e Obrigadíssimo.
L'indizione setima, luna seconda.
Públio Lêntulus"
Diversos autores e historiadores citam e descrevem partes desse documento, mas o texto não resiste nenhuma análise científica séria, a tratar-se de publicação feita circular por cristãos, no século XIV, portanto documento comprovadamente falso.
Estranhamente Pilatos, Procurador da Judeia entre os anos 26/36, nada escreve ao Imperador Tibério César, de que tenha condenado e morto na Judeia um homem chamado Jesus, o Cristo, pretendente a rei dos judeus e agitador das massas; Pilatos, por dever de ofício como o fizera a respeito de outros crucificados, não negligenciaria a ponto de manter silêncio sobre um condenado ao nível pretendido de Jesus.
Hayyim ben Yehoshua sustenta que Pilatos esteve no cargo até o ano 46 (O Mito do Jesus Histórico).
Atribuiu-se-lhe, todavia, uma Carta [ou Atos] dirigida ao Imperador Romano, a respeito de Jesus, mencionada por Justino por volta do ano 150 e confirmada por Tertuliano (160/245), como existente nos arquivos imperiais de Roma; no século IV quando a Igreja apoderara-se do Império Romano, apresentou-se então uma desastrada possível Carta de Pilatos, endereçada ao Imperador Cláudio, um grasso erro de cronologia histórica, sem se dar conta que Pilatos deixara de ser autoridade na Judeia no ano 36, pelos próprios anais da Igreja Católica, portanto cinco anos antes de Cláudio assumir o poder no ano 41, em substituição a Tibério. Hoje esta carta não é mais levada em consideração, como alguma prova autêntica sobre a existência histórica de Jesus, tanto que nem a Igreja o menciona mais.
Anás, Caifás, e nem outra autoridade judia da presumível época de Jesus, fizeram-lhe qualquer menção de existencialidade; nenhum documento eclesiástico daquele tempo refere-se ao Jesus dos cristãos; todos e quaisquer documentos a respeito de Jesus, sejam os livros neotestamentários (do cânon ou apócrifos), sejam os que a estes se referem, ou mesmo os históricos, não têm antiguidades comprovadas antes do ano 140.
O Talmude somente nos coloca Jesus, efetivamente, a partir do século IV (alguns o apontam para final do século III).
Com relação à citação talmúdica, duas versões chegaram até nossos dias, a de Babilônia e a de Jerusalém, ambas preciosas, todavia, para estudos entende-se a versão babilônica como a mais completa e importante, a observar nela que em vez do Jesus dos cristãos, conforme nos é dado conhece-lo, vem citado Yeishu ha-Notzri, ou seja, um certo 'Yeishu' - Jesus, como diminuição de Yeishua e não de Yehoshua, de Nazaré ou Nazareno, uma seita religiosa judaica pré-cristã, à qual pertenceria esse Yeishu, em estudos de Hayyim ben Yehshua.
Pela mesma fonte entende-se que o texto talmúdico não diz ser Yei-shu ha-Natzrati, que no caso identificaria essa personagem como da cidade de Nazaré (Nat-zrat). Hayyim deixa bastante clara a diferença entre Notzri (seita religiosa dos Nazarenos) e Natzrat, cidade judaica que somente viria surgir no século III, cujos habitantes eram chamados de Natzrati, quando o Jesus dos cristãos já era nome consagrado.
Afirma Hayym que Yeishu ha-Notzri fora um místico, considerado feiticeiro pelos próprios judeus, que vivera no período asmoneu (c. de 140 - 37/34 AEC.), morto por apedrejamento e que teve seu corpo exposto numa árvore; e há registros de que no ano 75 AEC. Yeishu já seria adulto, pregador e batizador, posto em fuga para o Egito, pela classe dirigente do judaísmo, de onde retornaria um dia, com a morte de seu principal perseguidor.
Estudiosos cristãos, no entanto, rejeitam 'Yeishu ha-Notzri' como Jesus Cristo; se sabe no entanto, que a edição judaica do Talmude em Basiléia (cerca de 1578/1580) trazia referências a respeito daquele Jesus, todas no entanto devidamente censuradas e proibidas pelas autoridades cristãs, que doravante para seus estudos e ensinamentos vale-se de versões próprias do Talmude, a partir da edição dita de Amsterdã (1644/1648), sem tais referências e outras consideradas danosas ao cristianismo.
Dupuy, obra citada, faz citações atribuídas a Anibal Fiori, de que no século IV o Talmude (mais precisamente as Guemaras) falava dos debates judeus sobre a vida e obras de Jesus, todavia sem informar se esse Jesus é Yeishu ha-Notzri ou se algum outro que possa, realmente, ser identificado como o Nazareno dos cristãos.
Ainda que a recorrer fontes cristãs, excetuando-se livros bíblicos, não existe, até o momento, nenhuma documentação séria que possa provar a existência física de Jesus. Para as tais referências históricas de Josefo e outros já citados, é fácil observar que as interpolações e outras citações sobre Jesus, atribuídas a historiadores ou autoridades antes do século II, são apócrifas quando não falsificações grosseiras e não resistem às provas científicas dos "métodos comparativos de Hegel, a grafotécnica, o uso de isótopos radioativos e radiocarbônicos que denunciam a má fé daqueles que implantaram o cristianismo".
A Epístola aos Tessalonicenses é considerado o documento mais antigo a respeito de Jesus, que antecede em pelo menos 25 anos o primeiro dos evangelhos, o de Marcos que foi escrito por volta do ano 135.
O Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Bíblia Sagrada - Tradução dos textos Originais, com notas, Edições Paulinas, 1967, página 1.416 B, admite a Carta aos Tessalonicenses como "possivelmente" o primeiro escrito inspirado do Novo Testamento. Todavia o autor daquela carta não se refere a nenhum Jesus histórico e sim a um nome já em íntima relação com Deus, mostrando um Jesus consagrado pelo cristianismo pregado por Paulo, que se fazia na época, uma importante seita grega do judaísmo, chamada de messianista.
Assim, para encontrarmos um Jesus genuinamente histórico, temos de buscá-lo nos evangelhos, e o primeiro deles, citado pelos historiadores e especialistas, trata-se do 'Evangelho de Marcion', por volta de 130 a 134, o qual nos apresenta um Jesus já adulto na terra, não material nem nascido de mulher, e sim um ser espiritual descido dos céus, experimentando, contudo, a crucificação. Muitos vêem Marcion como um gnóstico, em sua teoria ou concepção dualista - existência de dois deuses, um bom (autor das coisas invisíveis) e outro mau (criador do mundo visível e responsável pela queda de Adão e Eva), o deus dos judeus.
Félicien Challaye em sua Pequena História das Grandes Religiões, páginas 209, cita Marcion como cristão herético, no começo do segundo século, filho de um bispo cristão, que teria sido o autor do evangelho que leva seu nome, por volta de 134, do qual não foi conservado nenhum manuscrito, mas quase que inteiramente citado por Tertuliano, seu mais ferrenho adversário.
Não nos oferecendo Marcion nenhum Jesus, humano, vamos ao evangelho atribuído a Marcos, surgido entre os anos 135/136, inspirado ou que teve como fonte o Evangelho de Marcion, distinguindo-se, no entanto, ao identificar o Deus do Antigo Testamento como pai de Jesus, mas não nos informa a infância de Jesus.
Dos evangelhos de Marcion e Marcos surgiu o de Mateus em 137, de visão oposta a Marcion. Depois surgiria o evangelho de João, 'ultramarciônico', composto por volta de 140, e, por fim, o atribuído a Lucas, em se tratando dos canônicos, aproximadamente no ano 150 em Roma, mais dirigido aos romanos objetivando para o cristianismo os mesmos privilégios do judaísmo.
Mateus e Lucas são as duas fontes mais imediatas que trazem referências históricas de Jesus Cristo, desde seu nascimento, porquanto João se cala a respeito.
O Evangelho segundo Mateus, escrito por algum discípulo de possível testemunha de Jesus, inicia-se com uma genealogia descendente do Cristo Jesus, ligando-o ao rei Davi, por José no ramo de Salomão, enquanto Lucas, escrito certamente por adepto de um dos colaboradores de testemunhas, apresenta-nos uma genealogia ascendente, bem diferente daquela de Mateus, contudo colocando Jesus também na linhagem davídica, mas por Natã e não Salomão.
Mateus diz, em seu capítulo 1: 16: “(...) E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo". Para Lucas 3: 23, "E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José de Eli (...)".
De Jesus a Davi, não existem nomes comuns nestas duas genealogias, contudo são mais ou menos concordes de Davi a Abraão, onde para a narração de Mateus, prosseguindo a de Lucas até Adão; a genealogia de Mateus aponta 43 gerações de Abraão a Jesus, enquanto Lucas descreve 42.
Diversos estudiosos, especialmente cristãos, têm procurado justificar ou esclarecer tais divergências entre os dois narradores, situações que parecem ter sido motivos de sérias preocupações para o autor da Primeira Epístola a Timóteo 1: 4, ao recomendar: "não se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus".
Daniel H. Dupuy para harmonizar os dois textos, coloca a genealogia de Lucas co-mo sendo de Maria e não de José: "S. Mateus, pois, registra a genealogia legal de Jesus, que é a de seu pai putativo, enquanto S. Lucas apresenta a filiação sangüínea de Jesus, isto é, a materna, ou genealogia natural".
Esforçando-se, prossegue o autor: "Nos escritos apócrifos do primeiro século, Maria aparece, efetivamente, como filha de Eli".
Infelizmente Dupuy não nos dá referência alguma a respeito de quais apócrifos, e os transcritos que temos em mãos, não são datados do primeiro século, nem antecedem os canônicos; e, ainda mais, os livros que mencionam Maria e sua natividade trazem-na como filha de Joaquim e Ana, conforme rezam as tradições cristãs e citações no Evangelho de Tiago, às vezes chamado de Livro de Tiago ou Proto-Evangelho de Tiago.
O Pontifício Instituto Bíblico de Roma - Notas Explicativas referentes a Lucas 3:23-38, página 1.289 A/B, defende posição de harmonia entre os dois evangelhos, evocando a Lei do Levirato (Deuteronômio 25: 5-10, em especial o verso 6), para colocar José como filho natural de Jacó, tendo Eli por seu pai legal. Mateus recorrera, portanto, aos documentos dos registros de Jacó, pela visão daqueles tradutores, enquanto Lucas informara-se pela genealogia de Eli.
A diferença dos números de gerações entre os dois evangelhos, talvez possa também ser esclarecida pela mesma Lei, a partir dos originais ou versões mais antigas. 
Entendemos que a argumentação do PIBR é suficiente para saneamento de dúvidas, uma explicação que satisfaz, embora não seja lícito deduzir ou interpretar aquilo que o autor não ousa distinguir ou a fonte em informar.
Outra divergência perturbadora entre Lucas e Mateus, diz respeito à época em que Jesus nascera: Para Mateus (2: 1) o evento fora em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes; enquanto Lucas (2: 1-2) aponta o nascimento por ocasião de um decreto, da parte de César Augusto, obrigando o povo judeu a um alistamento, recenseatório, quando Cirênio (Quirino) estava governador (presidente) da Síria, de acordo com H. Spencer Lews, F.R.C., PhD, 'A vida mística de Jesus', Biblioteca Rosa-cruz Volume I, Editora Renes, pág. 99.
Se Jesus nasceu no tempo de Herodes como enseja Mateus, o acontecimento não poderia ter ocorrido antes de 4 AEC., ano em que Herodes morrera; sabendo, ainda por Mateus e somente por ele, que este rei ordenara matança de todas as crianças de Belém, com idades de 2 anos para menos, entende-se que Jesus teria nascido nesta época (entre os anos 6 a 4 AEC.) ou, até mesmo antes, pois que o autor não define quanto tempo se passara do infanticídio à morte do rei, que adoecera no ano 5 AEC. Deixa-nos Mateus, porém, uma outra pista: a ocorrência de um fenômeno celeste, por ocasião da chegada do menino Jesus, que levam estudiosos determinarem o ano 7 AE C., quando ocorrera a conjunção dos planetas Saturno e Júpiter, acontecimento raro que, porém, naquele ano acontecera três vezes (meses de maio, setembro e dezembro), segundo Spencer sem outros maiores detalhes.
Para Gerald Messadiê, citação de João Magalhães em 'Uma Nova História de Jesus de Nazaré', o fenômeno era tão raro, que somente veio a acontecer em 1.961, com o próximo previsto apenas para o ano 2.100.
Não temos conhecimento, por fontes científicas, de que algum fenômeno celeste tenha efetivamente ocorrido na época do suposto nascimento de Jesus.
Alguns estudiosos (cristãos) estimam a data no ano 5 AEC., certos pesquisadores remontam a ocorrência em 9 AEC. e outros a colocam no ano 6 AEC. Dentre as tantas datas, a mais comumente aceita seria mesmo a de 7 AEC.
Já em relação a Lucas, pelos dados informados, Jesus teria nascido no ano 6 EC, época que Cirênio (Quirino) assumira o governo da Síria. 
Esta data gera outras polêmicas, sabendo que César Augusto determinara recenseamentos nos anos 28 e 8 AEC. e depois no ano 8 EC.
(IBPR, notas explicativas para Lucas 3: 23, página 1.289 A/B , o que não impede Cirênio ter realizado outro censo, no ano 6 EC, com aval de César, considerando para isto as palavras de Lucas (2: 2) "(este primeiro alistamento foi feito sendo Cirênio presidente (governador) da Síria)".
Percebe-se então uma diferença considerável de anos, um mínimo de pelo menos dez, acreditamos treze, entre Lucas e Mateus para um mesmo acontecimento.
Spencer em sua mesma obra informa que Cirênio também fora governador da Síria, uma primeira vez, entre os anos 4 e 1 a. C, e depois a partir do ano 6 EC. Ainda assim não dá para conciliarmos datas sem algum esforço de adaptação entre as mesmas, uma vez que o próprio autor faz apenas vagas citações, parecendo não dar muita importância para o caso, a preocupar-se mais com possível mês e data do nascimento de Cristo, do que com o ano em si. 
Não sabemos qual a fonte referencial de Spencer que coloca Cirênio, como governante da Síria, entre 4 e 1 a.C.
Uma outra divergência entre os livros Lucas e Mateus:
  • Mateus coloca o fenômeno da estrela que seria vista única e tão somente pelos magos do Oriente, que a entenderam como anunciação do nascimento de algum Salvador e, quando chegam a Belém - depois de uma desastrada procura em Jerusalém, encontram Jesus numa casa; enquanto Lucas aponta um anjo mensageiro anunciando o nascimento de Jesus a uns pastores da comarca de Belém, sendo que estes, após uma revoada de anjos em cânticos e glórias, dirigem-se à cidade e lá encontram o menino Jesus numa estrebaria, juntamente com seus pais, deitado numa manjedoura que lhe servia de berço.
Evidente que se possa tratar de episódios diferentes ou mesmo ocorrências em dias distintos; ambos porém, carecendo de seriedade, pois é incrível que uma estrela parada sobre determinado lugar de Belém, tenha sido observada apenas pelos magos, uma vez que da maneira como se acha colocado o fenômeno da estrela, acreditamos impossível que apenas os magos a tenham visto, assim como estranhamos a ausência de relatos fidedignos a respeito de tal evento e de tamanha magnitude. 
Por conseguinte é difícil compreendermos Lucas, ao colocar pastores nos arredores de Belém num mês atípico, se é que Jesus tenha realmente nascido em dezembro conforme, tradição cristã, o que veremos mais adiante. Observam-se, portanto, que tais citações são fenômenos exclusivos de apenas alguns poucos, sem registros históricos competentes.
Ainda outro ponto divergente entre Mateus e Lucas nos chama atenção. Mateus cala-se a respeito da união de José e Maria, embora aponte irmãos e irmãs de Jesus que tanto poderiam ser filhos do casal, quanto apenas de José, vindo de um outro casamento, conforme vêem alguns cristãos, para escaparem da embaraçosa questão da permanência virginal de Maria; Lucas, no entanto, diz taxativamente que Jesus era o primeiro (primogênito) de Maria.
A título de informação complementar, vemos em João, no evangelho que leva este nome, que Jesus seria filho único (unigênito) de Deus, em nada se referindo Jesus como o único de Maria.
No entanto, entre Lucas e Mateus, parece enfim haver algumas concordâncias - neste início da historicidade de Jesus, quanto ao local de nascimento da criança e onde residia a família.
Mateus informa que Jesus nasceu em Belém, quando seus pais por lá circulavam vindos de Nazaré, sem esclarecer os motivos senão que para cumprimento de determinada profecia. Lucas também esclarece que Maria e José saíram de Nazaré, para cadastrarem-se na cidade de Belém, conforme determinação legal, quando Maria já prestes dar à luz, o que de fato veio ocorrer nesta localidade.
Ainda que em épocas distintas e por motivos diferentes temos, enfim, pelos dois evangelistas, a família de Jesus como então residentes em Nazaré e que este veio nascer em Belém, e assim, entre tantas divergências, Jesus chega ao mundo, permanecendo ainda algumas dúvidas intrigantes, das quais destacamos primeiramente três delas:
  • Como poderia uma virgem dar à luz um menino, sem haver conhecido o varão?
  • Onde estaria localizada a mencionada cidade de Nazaré que até hoje nenhum estudioso ou pesquisador conseguiu encontrá-la?
  • Onde efetivamente nasceu e viveu Jesus?
2. De um lugar chamado Nazaré
Há muito se deseja colocar Nazaré como alguma cidade ou aldeia dos confins da Galileia, todavia jamais se encontrou ao menos um lugarejo residencial com tal nome, em toda Palestina; não existem referências a Nazaré no Velho Testamento, Talmude, Crônicas ou em documentos históricos de Israel.
Portanto fazer uma Nazaré no mapa antigo da Palestina, como cidade, não foi das tarefas mais fáceis para os primeiros cristãos, pois que nada indica a existência de alguma localidade com este nome, antes e nos tempos de Jesus.
Exceto nos livros do Novo Testamento, a primeira citação quanto a uma Nazaré como aldeia ocorre na colocação de Eusébio referindo-se a uma possível indicação de Júlio, o Africano, que vivera entre os anos 170 e 240 d. C., para um local bastante próximo da atual cidade, segundo Danillo Nunes - Judas Traidor ou Traído.
Efetivamente apenas no século IV é que Nazaré aparece como cidade, quando a religião de Cristo já se destacava dentre as demais, contudo tal localidade mostra-se mais como alteração do nome de algum povoado, com nítidos interesses eclesiásticos, instado por pesquisadores propagandistas da nova fé religiosa, sob interesses de Roma. Não eram incomuns modificações de nomes de lugares, sempre que havia interesses comerciais e religiosos para determinadas circunstâncias.
O que seria então a Nazaré dos tempos pré-cristãos e do próprio Jesus?
Histórica e comprovadamente não seria cidade ou aldeia, não havendo quaisquer evidências disto, cabendo tão somente a lógica como verdade única, quer queiram ou não os especialistas religiosos, de que Nazaré seria denominação de uma Organização Mística Religiosa, ou que seja apenas alguma pequena seita messiânica que não professava, contudo, o judaísmo tradicional, e que a Igreja, por algum motivo que veremos adiante, desejou apaga-la da história.
Mesmo entre os estudiosos especialistas, não é fácil alguma distinção unânime para as origens da palavra Nazaré, seu modo de escrita e significado; em quase todas as referências há sempre de se colocar o nome de Jesus para alguma compreensão; certas colocações parecem creditar tendenciosidades de tradutores bíblicos, pelo que se entende de H. Spencer Lews, (op.cit) quanto às referências bíblicas a Jesus como Jesus de Nazaré, Nazaré como cidade,, contrapondo-se aos textos sagrados que na realidade apenas informam Jesus o Nazareno (en Nazira ou seja, dos Nazarenos ou dos 'Naziras', língua aramaica para identificar a seita dos Nazarenos como Nazireus, na visão de Spencer).
Para Messadié, em 'O Homem que virou Deus' (Revista Destino Especial, Mundo Mágico, ano 1 número 1, Editora Globo,) Jesus era chamado de Nazarí, que em aramaico teria o significado de 'observador' ou 'aquele que é separado'; no entanto já vimos antes, por ben Yehoshua, que o Talmude babilônico apresenta-nos um certo Yeishu (Jesus) como sendo de Nazaré ou Nazareno, mas não de alguma cidade e sim de uma seita religiosa, tanto que a Nazaré, povoado ou cidade, ainda nem existia.
A Messadié contrapõe-se ben Yeoshua: 
"Os primeiros Cristãos de língua Grega não sabiam o que a palavra Nazareno significava. A forma primitiva Grega desta palavra é Nazoraios, que deriva de Natzoriya, o equivalente aramaico do hebreu Notzri (lembre-se que Yeishu ha-Notzri é o original hebreu para Jesus, o Nazareno). Os primeiros cristãos conjeturaram que Nazareno significava uma pessoa de Nazaré, e assim assumiram que Jesus tinha vivido em Nazaré. Ainda hoje, os Cristãos alegremente confundem as palavras hebraicas Notzri (Nazareno, Cristão), Natzrati(Nazareno, natural de Nazaré) e Nazir (Nazarite)".
Nazir (Nazrite) seria termo designativo para os nazireus, aqueles que fazem votos perpétuos ou temporários a Deus, prescritos em Números 6, mas não necessariamente que pertençam a essa ou aquela seita, a exemplos de Samuel, Paulo e outras referências bíblicas encontradas.
O Novo Testamento, ao colocar Nazaré pela primeira vez na história como cidade, num texto do Evangelho segundo Mateus, dá-nos bom exemplo da confusão em torno desse designativo: "E lá [no Egito] ficou [Jesus, juntamente com Maria e José] até o falecimento de Herodes, para que se cumprisse o que fora falado por Jeová por intermédio de seu profeta dizendo: Do Egito chamei meu filho" (Novo Mundo das Escrituras, Mateus 2:15, com mesmo sentido nas traduções João Ferreira de Almeida e Pontifício Instituto Bíblico de Roma).
Noa obra 'Evangelho dos Nazarenos' (Burton H. Throckmorton Jr, página Internet ISBN  8407-5150-8, do original inglês 'Gospel of the Nazareans' vertido para a língua portuguesa através de Translator): "Fora do Egito eu chamei meu filho e porque ele será chamado um Nazarean [Nazareno]". Consoante o mesmo Burton, Jerome [Jerônimo] tradutor bíblico para o latim, entre os anos 390/404, faz omissão revelada das palavras "porque ele será chamado um Nazareno", disso porém vindo fazer menção posterior em seus próprios trabalhos.
Porque Jerônimo fez isso?
Algumas possibilidades exigem-nos reflexões a respeito, em pelo menos três delas:

  • Consideramos que "fora do Egito chamei meu filho" ou "do Egito chamei meu filho", é um texto do profeta Oseias (11:1) que literalmente refere-se ao povo hebreu, mais precisamente a Manassés e Efraim - filhos de José que nasceram no Egito, e não propriamente a um futuro Jesus como Messias, o que nada tem a ver com o tradutor, que tão simplesmente se limitou às colocações;
  • Alguns especialistas informam e Burton ratifica que Jerônimo não seria nenhum grande especialista no idioma grego antigo, conforme achavam-se registradas as escrituras na época, dando-nos assim motivos para acreditar que ele não sabia bem exatamente o significado correto de Nazareno (Nazoraio no grego, ou Natzoriya em aramaico ou, ainda, Notzri no hebreu); disto valer-se-iam posteriormente outros tradutores bíblicos, agora para idiomas diferentes e modernos, que igualmente a Jerônimo ainda omitem a seqüência verdadeira, todavia colocando-a no versículo 23 do mesmo capítulo de Mateus, após certa descrição interpolada nos versos 16 a 22 a respeito do infanticídio herodiano, sua morte e a volta da sagrada família das terras do Egito, na seguinte colocação: "E chegou, e habitou numa cidade chamada Nazaré para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno".
  • É justo porém deduzirmos que Jerônimo sabia o significado de Nazareno, o suficiente para entender que se metera numa enrascada: o texto referia-se a Yeishu ha-Notzri, o Messias da Seita dos Nazarenos e não o Jesus dos cristãos que a Igreja tanto desejava ou, no mínimo, esperava. É improvável que os primeiros pais da Igreja, e com eles Jerônimo e todos demais da época, ignorassem que cristãos do 1º século, início e até meados do 2º, julgavam-se seguidores da 'Seita dos Notzr'im', isto é, dos Nazarenos, como também difícil acreditar que não soubessem da inexistência de alguma localidade chamada Nazaré, nos pressupostos tempos de Cristo.

Esta colocação última é opinião formada e a justificamos: os pais da Igreja, desde meados do século II e mais notoriamente no III, já buscavam o perfil de um Cristo Ideal diante da impossibilidade de um histórico, e foi somente no século IV que encontraram a autenticidade histórica que tanto necessitavam, para o mito que representava dividendos certos e cuja presença estava plenamente aceita e até desejada pelos povos de então; depois, conforme entendimento, as coisas se ajustaram como boa finalização e bem ao gosto de todos.
Vejamos, porém, algumas outras situações bastante complicadas que esta tradução de Jerônimo ainda provoca nos dias atuais.

  • A tradução bíblica de J. Ferreira de Almeida para língua portuguesa, no Brasil, edição de 1958, revista e corrigida em grafia simplificada, para a presente discussão remete-nos, pelas referências de rodapé, a Juízes 13: 5 e 1º Samuel 1: 11, ambas referindo-se a consagrações dos infantes Sansão e Samuel, respectivamente, pelos sagrados votos do Nazireado preconizados em Números 6:1; ora, se Nazareno colocado em Mateus estivesse para o hebraico 'Nazïr' com significado correto de consagrado ou separado, em nada justificaria a necessidade, mostrada e forçada naquele Evangelho, para que a sagrada família viesse residir numa cidade, que ainda nem sequer existia, apenas para que Jesus fosse chamado Nazareno, pois que se assim fosse a palavra jamais seria Nazïr e sim Natzrati.
  • O PIBR, edição 1967, diz em nota de rodapé a respeito do verso 23 de Mateus 3: "A profecia que parece querer aludir o evangelista é a de Isaias 11:1 "Um rebento despontará do tronco de Jessé e de suas raízes crescerá uma vergôntea", que em hebreu significa Nezer"; informa ainda o PIBR que Nazaré deriva etimologicamente do mesmo radical Nezer [Neitzer] que significa vergôntea, sem discussões um evidente símbolo messiânico. Excluindo a realidade de que não existia ainda nenhuma cidade chamada Nazaré, entendemos que para a atual localidade com aquela denominação, o correto seria Natzrat (Natzarat) ou Natzrati para identificação de seu natural ou de algum residente, não se achando nestas nenhuma evidência do significado de vergôntea (Neitzer).

Não temos dúvidas de que a tradução de Jerônimo fora devidamente encomendada, e ele a fez de maneira bastante satisfatória para a Igreja, tanto que Eusébio e outros doutores eclesiásticos admitem isto, diante das evidências.
Não poderíamos jamais omitir neste estudo, referências e citações de certas seitas gnósticas antigas (ou que se dizem) e atuais, assim como de certas Fraternidades que não apenas admitem existência de uma antiga cidade de Nazaré, como também apontam sua localização, seu significado e importância para todo o mundo conhecido daqueles tempos, às vezes e a bem da verdade, não como uma cidade da maneira qual concebemos seja uma cidade, e sim algumas construções que serviam de abrigos (moradias, escolas e um templo) para adeptos de uma comunidade chamada Seita dos Nazarenos. A propósito disso, cita-nos Haran Gawaitha (Gnoses: Arquivos), que 'Nazareth' - 'Nisrat' (?) situava-se numa região denominada Qum onde se mantinha a Seita, uma Organização Mística Esotérica entre seus membros iniciados, pregando o exoterismo àqueles que desejavam ouvi-los em seus cultos públicos; pelo número revelado de adeptos que o autor refere, tratava-se de uma Comunidade extremamente próspera, possuindo em torno de 60 mil membros homens, e que se relacionavam comercialmente com seus vizinhos.
Na obra de Spencer, entende-se que os crentes Nazarenos mantinham-se nos arredores de uma fonte termal, explorando-a às custas de um hospital albergue e casas de socorros, ao lado de uma construção, escola, onde ministravam cursos aos Iniciados, e local de reunião dos líderes da Seita e adeptos mais destacados.
Pela Bíblia, essa fonte termal a que Spencer se refere como a principal dentre as atividades exploradas pelos Nazarenos, que inclusive recebiam clientes de outras regiões ou nações (uma espécie de spa dos dias modernos), estaria realmente situada estrategicamente numa estrada principal da Galileia, próxima ao lago Tiberíades. A própria Bíblia, no entanto, destaca-nos todo o território de Hamat (Josué 19:35) ou Hamat-Dor (Josué 21:32), na Galileia, como região de Fontes Termais (significado assírio da palavra Hammati da qual derivou-se a Hamat dos hebreus), e não a uma localidade específica ou para alguma possível localidade Nazaré, antes sim, toda Galiléia era conhecida como tal, dada influência da cidade-estado Hamat. Em nosso compreender, se essa Hamat nada tem a ver com alguma localidade chamada Nazaré, em nada, porém, exclui possibilidades que não fosse local adequado e explorado, comercialmente ou utilizado para finalidades religiosas, por alguma seita mesmo que a dos próprios Nazarenos.
Se admitirmos essa possibilidade última, evidente que para o local onde se reuniam membros da seita Nazarenos (Notzrim), caberia a denominação de Nazaré (de Notzriti ou Natzoriya), da qual a Igreja valer-se-ia um dia para implantação da cidade por nome Nazaré (Natzrat), com intenções comerciais claras de exploração religiosa.
3. O mito do deus solar 
entendimento quanto a mitologia solar é preciso compreender, primeiramente, as origens de algumas histórias ou lendas, que sejam mais ou menos comuns para diferentes culturas; é sabido que homens da antiguidade não se identificavam inteiramente com os fenômenos da natureza, e por isso mesmo divinizavam seus elementos e forças então desconhecidas.
O sol, por exemplo, seria para os antigos a representação mais visível de uma divindade maior, do deus invisível conhecido como 'Dyaus Pitar' (Deus Ptah, Pater ou Pai); nesta qualidade o sol estaria, portanto, como filho visível desse grande deus, símbolo da luz e vida sobre a terra, através de suas emanações e radiações, um símbolo entendido do Espírito Santo - a dimanação do grande invisível, através do filho para assim formar a triunidade - três em um, ou a mais comumente conhecida trindade.
Pelas constantes observações celestes, os homens sabiam pela ótica geocêntrica da região mesopotâmica e circunvizinhanças, no caso, que o sol nascia sempre no dia 25 de dezembro, quando a constelação de Virgem fazia-se à noite, na época, resplandecer com força maior nos céus, ou seja, no denominado solstício de inverno. Esclarecemos: no dia 22 de dezembro o sol cessava sua marcha rumo ao sul, por exatos três dias, para então reiniciar jornada em direção ao norte. Estes conhecimentos não eram restritos unicamente à Classe Sacerdotal ou a uma Ordem Iniciática formada pelos sábios da época; quase todos tinham conhecimentos a respeito, todavia a explicação metafísica e exploração religiosa estariam sempre a cargo daqueles, num período em que a religião fazia-se predominante sobre as demais culturas, e então se estabeleceram os cultos ao deus sol, o filho do deus criador.
Quando para as primeiras organizações sociais em forma de cidades-estado, a comunidade como um todo sentia a necessidade natural de um chefe condutor, guerreiro libertador se necessário, restaurador ou mesmo formador da nação, e foi aí, que a Classe Sacerdotal soube fazer seus mitos, dando ao povo o homem ideal de que tanto necessitava, saído este de suas próprias lides ou alguém encontrado, em lugares remotos, para que dele se pudesse fazer o líder, um elemento desconhecido, sem genealogia ou família - esta geralmente morta numa cilada pelos próprios sacerdotes, sendo o indivíduo escolhido, ainda infante, salvo de uma maneira providencial e entregue aos cuidados de alguma das Virgens da Ordem, sacerdotisa ou iniciada. Talhava-se o perfil deste líder vinculando-o às antigas profecias, nem sempre tão antigas, escritas e acrescentadas aos textos anteriores.
Anunciava-se então sua vinda, o próprio filho de deus, para a organização da pátria, unificação ou condução dos homens, de conformidade com as necessidades, ou seja, de acordo com a vontade do deus maior, em atenção aos clamores de seu povo eleito. Às vezes, e com o tempo isto se tornou regra maior, os próprios pais (geralmente pessoas humildes - gentes do povo e piedosos) entregavam o próprio filho, ainda criança, para os serviços dos deuses, sendo este então devidamente preparado e doutrinado para missões necessárias.
Assim, numa época determinada este homem especial seria apresentado a todos, co-mo o esperado e anunciado filho de deus, miraculosamente vindo ao mundo, para uma obra grandiosa junto ao seu povo; como o sol encarnado e luz do mundo o prometido tinha como data de nascimento sempre o dia 25 de dezembro e, para trazê-lo ainda mais próximo dos homens, como símbolo ou elo de ligação entre deus e a humanidade, se lhe ditava por mãe uma das mulheres virgens do templo; para a vinda deste Redentor, os líderes religiosos determinavam seu perfil que aos poucos era incutido na mente e crença do povo, usando de místicas, prognósticos e referências escriturísticas que eles próprios lavravam.
Nestas condições, Jesus a exemplo de outros tantos redentores, seria um mito - o sol filho de deus, ou então uma criança entregue aos cuidados de alguma Ordem, vindo destacar-se dentre os demais para a grande e estranha obra de redenção.
Algumas tendências unificam estas situações: Jesus seria um humano, revestido de um caráter mitológico de acordo com as tradições.
3.1. Nascimentos virgíneos, certas anunciações e divinas concepções

  • "Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel (que é Deus conosco" - Bíblia, Antigo Testamento, Livro de Isaías 7:14; e Novo Testamento, Mateus 1:23.
  • "Bendita és tu...entre todas as mulheres fostes escolhida para a obra da salvação; ele virá com uma coroa de luz...Virgem Mãe, pois que darás à luz a nosso Salvador, a quem porás o nome de...", transcrição da obra de Holger Kersten - 'Jesus Viveu na Índia', edição Best Seller, 1986, anunciação do nascimento de Krishna.
  • "Disse-lhe: Exulta-te ó Virtuosa e sê feliz, pois o filho ao qual darás a luz, é Santo", Holger referente à anunciação do nascimento de Sidartha Gautama (Buda).
  • "E dará à luz um filho e chamarás o seu nome (...); porque ele salvará o seu povo dos seus pecados", Bíblia, Novo Testamento, Evangelho Segundo Mateus, 1:21, da anunciação sobre o nascimento de Jesus.

Nascimentos de filhos de deuses com mulheres virgens, são fatos assim não tão isolados na história da humanidade; todas grandes civilizações do passado tiveram seus redentores, heróis e reis, nascidos de mulheres que ainda não haviam se relacionado sexualmente com homem, concebendo, portanto, por obra e graça do divino espírito santo de deus. De maneira geral estas mulheres eram recém casadas ou prometidas, todavia ainda sem conjunções carnais.
As divinas concepções quase sempre vieram precedidas de anunciações, enquanto que o ato gerador em si era a palavra, simbolizada por alguma forma de representatividade desse mesmo deus, um animal sagrado, uma ave ou simplesmente um raio de luz; grande parte desses nascimentos virgíneos, fazia parte do cumprimento de profecias contidas em textos sagrados. Curiosamente todas as religiões aguardavam um filho de deus, e os teve em seu meio, para certas missões especiais.
Histórias sagradas, profanas e muito mais as mitológicas, mostram-se bastante ricas em relatos desses fenômenos, próximos uns dos outros: as mulheres são virtuosas, que ainda não haviam conhecido homem, embora comprometidas, que se faziam escolhidas de um deus com propósito de vir ao mundo, para alguma obra redentora junto ao povo; o grande mistério dos cristãos não foi, portanto, um caso tão atípico ou original assim.
Zaratustra (Zoroastro), que viveu cerca de mil anos a.C, profeta persa e reformador do Masdeísmo para o Zoroastrismo, era filho de deus gerado numa virgem. Sabe-se que o judaísmo foi profundamente influenciado pelo Masdeísmo, quando os judeus estiveram subjugados pelos persas, dele absorvendo muito de seus mitos.

  • Masdeísmo - antiga religião dos povos medo-persas [iranianos] representada pela divinização das forças naturais e pela concepção dual do universo, Aúramasda e Arimã, em constante duelo.

Kristna (Krishna), na Índia por volta de 575 anos a C., fora concebido por obra de um deus altíssimo numa virgem. Muitos dos acontecimentos com esse homem deus, foram repetidos em Cristo, sendo impossível não perceber similitudes. Também não podemos ignorar certas interações entre religiões da Índia com as do Irã (Pérsia).
Sidartha Gautama (Budha), nascido em 568 anos a.C. na Índia, teve por mãe uma virgem e filho direto de deus. O Budismo tem paralelismos incontestes com o Cristianismo.
Mitra, fundador do Mitraísmo na Pérsia; K’ung-fu-Tzu (Confúcio) do Confucionismo chinês, Hórus no Egito, Tammuz na Babilônia, Hésus dos druidas, Bedhru (Beddru) e Mikado no Japão, Crite (Crito) da Caldéia, são alguns dos exemplos de um rol de redentores messiânicos, que vieram ao mundo como filhos de deuses e de virgens - concepções sagradas.
Júlio César, imperador romano (100/44 a C.), Platão (437/347 a C.), filósofo grego, e mais uma lista de faraós do Egito, também são frutos de concepções virginais por parte dos deuses. A América pré-colombiana teve seus homens deuses, assim como todas as demais civilizações conhecidas e desaparecidas, mesmo dentre os povos mais simples.
Até quase meado do século (XX), o Imperador do Japão era considerado divindade, ou seja, de ascendência divina.
Ainda hoje, alguns governantes [imperadores] orientais ou místicos que se levantam, afirmam ser filhos de deus ou de extraterrestres, nascidos de mulheres virgens; destes alguns até dizem que já chegaram à Terra enviada na forma adulta, para missões especiais.
Muitos dos filhos de deuses que antecederam Jesus foram, sem dúvidas, elementos influenciadores para a formação do caráter daquele, conforme nos é apresentado.
Bom número deles não somente nasceram de virgens por uma divina concepção, como também apresentam outras semelhanças surpreendentes com a vida de Jesus: nasceram de famílias humildes porém piedosas, em grutas (cavernas) ou estrebarias, visitados por magos e pastores que lhe ofertaram presentes - em geral ouro, incenso e mirra; estrelas ou anjos indicavam-lhes o local de nascimento; muitos deles foram apresentados num templo onde foram tomados nos braços por algum idoso (santo) visionário; suas chegadas ao mundo trouxeram mortes aos infantes; foram perseguidos e obrigados a fugir para outras nações, de onde retornaram, posteriormente, quando das mortes dos déspotas; perderam-se de seus pais, quando na puberdade, sendo encontrados posteriormente entre alguns velhos sábios, discutindo acerca das escrituras sagradas; iniciaram seus ministérios numa idade próxima aos trinta anos, logo em seguida a uma estadia no deserto, onde jejuaram por quarenta dias e noites, resistindo a tentações e, por fim, assistidos por anjos celestiais.
Os 'meninos-deuses' sempre tiveram homens no lugar de pais, como esposos de suas mães, que intentaram abandoná-las tão logo as souberam grávidas, sem que com elas houvessem mantido conjunções carnais, somente não o fazendo porque foram avisados por anjos, em sonhos, para que assim não procedessem, pois os que nelas estavam gerados eram obras do espírito santo de deus; aliás, anjos também sempre foram uma constante para ações das famílias sagradas, no sentido de proteções aos filhos divinos; os homens, pais adotivos, saem de cena quando os jovens sagrados mostram condições de subsistência própria.
Os anjos do judaísmo, adotados pelos cristãos, são elementos de outras culturas como a dos babilônios e dos persas.
As similitudes entre os redentores não cessam: escolheram discípulos, um dos quais mal caráter e traidor, fizeram milagres inclusive de ressurreições de mortos, pregaram o reino dos céus e a libertação social do povo, com lindas mensagens de amor, perdão e resignação; antes de serem traídos promoveram uma ultima ceia e, de uma maneira ou de outra, morreram de forma sacrificial para a salvação dos seus - alguns até mesmo na cruz, para ressuscitarem ao terceiro dia, apresentando-se aos seus, por um certo período, antes de subirem aos céus para junto do pai celestial, prometendo contudo o envio do espírito da sabedora (espírito santo), que assim os conduziria até o fim dos tempos, quando então eles próprios retornariam à terra para pronto estabelecimento de um reino espiritual eterno.
O que seria a união de um deus com alguma virgem, para traze-lo ao mundo, e o porque de tantas coincidências?
3.2. Nascido de hierogamias: práticas sagradas dos deuses 
Para determinadas culturas, já devidamente organizadas e hierarquizadas, a figura do Sumo Sacerdote tornara-se sagrada e identificada como o filho de deus, posteriormente elevada à condição do próprio deus encarnado. o deus vivo entre os homens.
Nesta situação, o Sumo Sacerdote na qualidade de um dos deuses sobre a face da terra, tinha entre suas obrigações, "certos deveres conjugais" com algumas das deusas, no ato representado por suas sacerdotisas ou iniciadas, chamadas de virgens - mais propriamente mulher jovem, vista tradução em texto bíblico Isaias 7:14.
Conforme Amar Handami: "No início do III milênio AEC, o Ensi [Sacerdote Rei ou Supremo (Sumo) Sacerdote] era submetido a ritos por vezes surpreendentes. Assim o templo tinha uma câmara especial no alto do edifício: era ali que o Sacerdote Rei vinha regularmente "consumar a hierogamia", prática do rei para com a deusa Innana, representada por uma de suas sacerdotisas. Da sua união dependia a prosperidade da nação (...)." ('Suméria, a Primeira Grande Civilização', da Coleção: Grandes Civilizações Desaparecidas, publicada por Otto Pierre Editores, 1978: 87-88).
Com estes relacionamentos e práticas a Ordem visava manutenção da tradição de origem divina para o Supremo Sacerdote, e que divino seria o seu substituto quando aquele, um dia, resolvesse voltar para a morada celestial. Os filhos destes relacionamentos produziam os chamados filhos dos deuses ou filho de deus com uma virgem, então preparados, doutrinados e sempre destinados às missões especiais ou necessárias.
Gênesis, 6:2-4 diz que os filhos dos deuses uniam-se às filhas dos homens e que destas uniões nasceram os gigantes, isto é, homens de saber e de grandes preparos, os heróis da antiguidade.
Pelo Livro de Tiago, apócrifo conhecido por Proto-Evangelho de Tiago, Maria mãe de Jesus fora entregue pelos pais, aos cuidados do templo, onde permanecera dos três aos doze anos de idade, quando então prometida em casamento a certo José. Segundo tradições da época, Maria continuaria no templo ainda por mais um ou dois anos, até a festa do noivado - primeiro ato legal do casamento, embora a vida conjugal somente viesse se consumar após as núpcias, um ano depois (no caso de mulher virgem, com tempo reduzido para até um mês no caso de viúva), quando então o noivo recebia a noiva em sua casa.
Durante o período de espera, a noiva, já chamada de esposa, ainda permaneceria na casa dos pais ou de seus preceptores, e somente em casos muito especiais, como adultério da mulher ou morte do noivo, poderiam efetivamente ser rompidos os compromissos assumidos (Osvaldo Ronis, Geografia Bíblica, op.cit).
Pelos costumes e lendas da antiguidade acredita-se que Maria, por volta dos doze a-nos, fora oferecida a José que somente veio recebê-la esposa uns dois anos depois, estando a jovem já grávida de deus, ou seja, de um Sumo Sacerdote. José a aceitou como esposa depois de certa relutância, convencido em sonhos - indução hipnótica ou negociações (?) - que o que nela estava era obra divina.
Em certas culturas, consta, seria grande honra algum varão ser pai adotivo de um menino-deus. Também não eram incomuns certas negociações para que algum varão viesse aceitar uma virgem grávida em sua companhia.
3.3. Jesus: um filho adulterino?
Evangelho de Nicodemos, 2:4, Jesus era chamado, pelos opositores, de filho da fornicação (Apócrifos - os Proscritos da Bíblia - I, compilados por Maria helena de Oliveira Tricca, publicação da Editora Mercuryo, 1989: 230).
Segundo Orígenes, Celso teria sabido, em 178, por certo judeu, que Maria fora repudiada por seu marido, um carpinteiro, por adultério, sendo Jesus filho do soldado [romano] Pantera. Danilo Nunes em sua obra 'Judas, Traidor ou Traído' (op.cit, p: 77), refere-se ao assunto.
O ano 178 está muito distante dos tempos do nascimento de Jesus; todavia existem relatos judaicos nas 'Tosefta e Baraíta', mencionados no Talmud, sobre Yeishu bnei Yoseph Panteiri ou bar Yoseph Panteiri, isto é, Jesus filho de José Pandeira ou Panteiri (a forma hebraico/aramaica do grego Pantheras), daí a que Maria concebera seu filho de um soldado (legionário) romano por nome Pantheras, com quem se relacionara (Hayyn ben Yehoshua, O Mito do Jesus Histórico). A aceitação relutante de José permitira, contudo, que Jesus viesse ao mundo.
A este respeito, alguns estudiosos acreditam que Maria fora repudiada pelo marido, em razão de adultério com o legionário, assim a justifica Jesus mais identificado como o filho de Maria.
Estudiosos cristãos, no entanto, não concordam nem que Jesus seja filho de Maria com algum soldado legionário chamado Pantera, nem que Panteiri seja designativo de algum José pai de Jesus. Para eles Panteiri seria forma hebraico/aramaica de se pronunciar a palavra grega Parthenos que significa Virgem e, então, Jesus seria filho de uma virgem e não fruto de algum caso amoroso de Maria, sua mãe, com algum soldado Pandeira, ou José Panteiri.
Especialistas em línguas antigas (hebraico, aramaico e grego) não compreendem alguma possível confusão entre os nomes, destacando-se que os judeus não eram censurados quanto a forma de escrita, e que Pandeira em sua forma grega Pantheras é muito diferente de como se escreve, naquela língua, a palavra Virgem (Parthenos), conforme estudos de Hayyn ben Yehoshua (O Mito do Jesus Histórico).
Por conseguinte sabemos pela História Judaica, que soldados sob ordens romanas em represálias às insurreições populares na Palestina, às vezes invadiam regiões, cidades, vilas e povoados, dizimando pessoas e praticando crueldades e violências contra mulheres, dando-nos a certeza que crianças nasceram destas uniões forçadas (de estupros), daí José, resignado ou mesmo compartilhando o drama e vergonha de Maria ou, ainda, aconselhado, assumir a paternidade de Jesus.
Difícil acreditar Jesus, o Cristo, filho de fornicação; sem dúvidas trata-se de referências proferidas pelos adversários de Jesus. Se Jesus gerado de estupro, preferimos não desmerecer Maria, tanto em respeito a sua dor, quanto injusto deduzirmos onde exatamente se cala a história; outros homens-deuses e suas mães também passaram por tais difamações, sempre por parte dos inimigos.
3.4. Jesus não nascera de mulher, apenas atribuiu-se-lhe uma mãe
Natural de Sinope [Ásia Menor], filho de um bispo cristão, Marcion foi importante evangelista pregador do século II, que rejeitava o Antigo Testamento e não acreditava num Jesus nascido de mulher. Para ele, o deus bom descera à terra, já na forma adulta, assumindo um corpo apenas aparentemente humano.
Conforme mencionado, Marcion foi o autor do Evangelho de Marcion, por volta de 134, do qual teria surgido o de Marcos, em 136 ou 137, dos quais produzido a seguir o de Mateus, de uma visão oposta a Marcion. O Evangelho de João seria ultramarciônico, composto por volta de 140, enquanto o de Lucas, aproximadamente em 150. era mais dirigido aos romanos.
Esta personagem considerada herética pelos cristãos, por volta do ano 140, foi dos maiores nomes do gnosticismo antigo, que já vivenciava com certa originalidade, desenvolvendo algumas das principais idéias do docetismo - o corpo de Jesus não era real, apenas aparente.
A 'tese marcionica', o não nascer de mulher ou já se apresentar em forma adulta, não era assim tão incomum nas mitologias e textos sagrados, a exemplos das teofanias - presenças de seres angelicais na Terra, muitas vezes representando o próprio Deus, lembrando que o autor da Epístola aos Hebreus (13: 2) adverte quanto a possibilidade de humanos receber ou mesmo hospedar algum ser não terrestre [anjo].
Algumas correntes, evoluídas deste pensamento, acreditam que Jesus fora sim nascido de mulher e homem, altamente inteligente e religioso, que tivera, por ocasião de seu batismo, a incorporação de um 'Avatar' ou 'Entrante', chamado Cristo, para realização de uma obra de expiação a favor da humanidade. A partir daquele momento Jesus deixara de ser ele para ser e vivenciar o Cristo. Para defensores da teoria, apenas Jesus era humano mas não o Cristo, este o verdadeiro iluminado e executor da obra redentorista.
Avatares são entidades comumente aceitas, nas formas e possibilidades, observáveis em diversas culturas e formas de religiosidades, como a indianas e correntes espiritualistas.
3.5. Jesus nascido de homem e mulher 
Muitas correntes acreditam nesta hipótese, considerando muito forte a personalidade de Jesus, para que este fosse apenas um mito. Ressaltam, todavia, que Jesus fora apenas um homem religioso, ao extremo de evocar, para si, cumprimento das profecias bíblicas referentes ao Messias Libertador, realmente acreditando ser este, até o momento da sua morte quando se descobriu sozinho; as últimas palavras de Jesus na cruz seriam claras referências a este abandono por parte do deus em quem tanto acreditara.
De acordo com Mateus 27:46 e referências, Jesus teria clamado "Eloí Eloí, lamá sabactani", palavras desconhecidas, pelos que lhe estavam próximos, traduzidas contudo como "Deus meu Deus meu, porque me abandonaste?". Até o ultimo instante de sua vida, Jesus certamente esperava por um milagre dos céus em seu socorro.
Entendem os defensores que Jesus, após sua morte, transformara-se, pela piedade humana e religiosa, no Messias Sofredor e que esta mensagem cativou corações. Para eles Jesus não fora nenhum deus humanizado e sim um homem progressivamente elevado à condição de deus
3.6. Jesus, efetivamente, não existiu
Opinião geralmente aceita por aqueles que não encontraram a historicidade de Jesus, cabendo-lhes entendimento que Jesus foi apenas um mito que a religião soube desenvolver com maestria, tomando-o de empréstimo lendas de outros homens-deus, de culturas diversas, unificando relatos com roupagens de originalidades para, enfim, formar a história.
Argumentam que Paulo - o Apóstolo tardio, jamais se referiu a um Jesus histórico, voltando-se única e exclusivamente para um Cristo Ideal. Também acreditam que textos bíblicos do Antigo Testamento e outros que não fazem parte do Cânon cristão, tenham sido transcritos muito depois, para formatar uma existencialidade humana de Jesus como o Cristo Prometido, considerando assim que os primeiros tradutores do cristianismo promoveram, por determinações ou regras de fé, alguns certos arranjos com acréscimos de textos, transposições de outros, deturpando originalidades de documentos antigos.
Outro forte argumento destes contrários estaria na ausência histórica de uma cidade chamada Nazaré.
Estudiosos não cristãos ou mesmo alguns destes que não se colocam numa fé cega diante das razões e lógicas, entendem que o Jesus dos cristãos jamais tenha existido historicamente, quando muito apenas admitindo um Cristo ideal, forjado à imagem e semelhança de outros Messias de culturas diversas.
Estudando civilizações do passado e formas de religiosidades de povos da antiguidade, vemos realmente e sempre, a figura emblemática de algum Messias para cada gente ao seu tempo. É impossível a um exegeta não montar a figura ideal para Jesus Cristo, sob todos os ângulos e aspectos ideológicos, ao colher dados positivos dos muitos redentores que teve a humanidade.
4. Da conclusão
Sem as pretensões de contestador e menos ainda ensejar confrontos com uma estrutura milenar, sedimentada em torno de um nome consagrado nas cabeças, tem-se que o Jesus Cristo dos cristãos jamais tenha existido, em termos históricos, todavia inegável sua realidade como o Cristo Ideal.
Jesus Cristo é, portanto, mera figura à imagem e semelhança de outros tantos redentores de civilizações distintas; sempre cada povo teve seu Messias à sua época. 
Não há um Jesus dos cristãos, homem-deus ou deus-homem, que tenha efetivamente existido, e o mais próximo dele, 'Yeishu ha-Notzri', antecedeu-o em décadas, conforme tradições antigas do povo judeu e transcrições do Talmude.
A aceitação do Cristo nas cabeças, não há estudioso que negue, e aqui não interessa qual a seita responsável, foi imposta à força, a preço de vidas aos milhões, tanto pela Inquisição quanto pela dizimação de povos e civilizações inteiras, a exemplo das gentes americanas pré-colombianas, sem apontar matanças outras ordenadas sempre contra os infiéis ou àqueles que ousavam contrariar o credo.
Hoje temos de reconhecer a grande contribuição do Cristianismo nos destinos da humanidade de agora, sobre todos os aspectos legais, sociais e de moralidade entre tantas participações ativas e dignas dos mais altos valores, o que, porém, não apagam erros do passado, onde se cometeu tanta atrocidade, que o holocausto hediondo e reprovável da Segunda Grande Guerra Mundial, surge apenas como pálida imagem daquilo que se fez em nome de Cristo, com tantos sacrifícios e horrores piores; e o mais dramático nisso tudo, é que com as vidas ceifadas se foram também as civilizações e suas culturas.
O Cristo histórico ou ideal nada tem a ver com tamanha estupidez dos homens, ainda que em torno de seu nome, como também nada de responsabilidades quanto àqueles que em seu nome se tornam exploradores da fé, vendedores de ilusões e os corretores da imobiliária celeste, cujos impérios econômicos se agigantam nos dias atuais, fundamentados nos milagres da fé, que até se pode dizer que neste mundo de tantos milagreiros em nome de Cristo, ele é quem menos faz e fez milagres, até porque milagres não existem como Jesus nunca existiu.
-o-

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