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sábado, 3 de abril de 2010

VIDA ALÉM TÚMULO: COM OU SEM CONSCIÊNCIA?

Exegese bíblica
A máxima da cristandade: Deus existe e o espírito, no homem, também, sabendo o homem o destino inapelável pós-morte, o céu e o inferno, e a dúvida persistente, para onde eu irei? 
Existiria um céu, inferno ou nova terra após o grande juízo? Levantar-se-iam os mortos para ouvirem o pronunciamento final? O homem recobraria, naquele momento, sua consciência?
Os estudiosos se debatem nestes pontos, defendendo teses, dogmas e postulados; porém, como referiu Maeterlink (A Morte), a qualidade de uma crença não é documento da verdade, pois não seria diminuindo nossos pensamentos pela estreiteza religiosa, que diminuiremos a distância que nos separa das verdades.
Oras, porque haveria uma ressurreição dos mortos, de todos os mortos, para ouvirem uma sentença divina endereçando-os, inapelavelmente, aos céus ou ao inferno? Não seria algo horripilante conquistar um céu e saber seu próximo, tão querido, destinado ao inferno?
Pensar assim seria suprimir a consciência e aí nada então existiria como razão de ser. Também, uma consciência modificada seria desinteressante, do ponto de vista da vivência terrestre; de que valeria a terra, se num inferno ou num céu torna-se uma outra vivência?
Uma ressurreição somente para os bons - uma questão de valores subjetivos - chegaria ao mesmo ponto: não havendo consciência, isto será de todo ruim; e em se existindo, uma estupidez sem limites.
Mas, um julgamento final também seria absurdo, por diminuir a grandeza de Deus, senão anulá-la. Se o humano já tem ressalvas quanto à aplicação de penas de morte, para responsáveis por crimes hediondos, não poderia se esperar algo melhor de Deus?
E de todo, isto também não seria justo: uma criança morta desde logo, não teve chances de competições, e jamais alguém poderá saber se ela seria boa ou má, e o céu lhe está por prêmio eterno. E os tidos como deficientes mentais, como lhes imputar responsabilidades? E isto tudo sem referir-se às desigualdades humanas, ao meio ambiente e a uma série de outros fatores, que fazem do homem um ser bom ou ruim, com exceções, evidentemente.
Assim todo mundo iria para o céu ou habitar uma nova terra, sem dores e sofrimentos; com consciência ou sem? Com consciência tal morada seria injusta; sem ela, um tempo perdido; o mesmo se dá em relação ao inferno.
De certa maneira, à primeira lógica, a sobrevida sem consciência pareceria a mais próxima da verdade; porém, negar este atributo de consciência pós morte, seria negar a consciência cósmica da qual adveio a consciência humana, o que equivaleria negar a própria razão de ser e existir.
Surge a teoria da reencarnação, e a razão a isto obriga para uma pronta solução e ordem nas dúvidas: um dia todos estarão evoluídos e com plena consciência, e aí encontra-se a justiça divina, sem dúvida alguma.
Seria algo até maravilhoso, não fossem perguntas embaraçosas que fatalmente surgem: após plena evolução, o que viria? Chegaria o homem à condição de Deus? Porque Deus resolveu fazer assim, o lado espiritual do homem? Que valor a reencarnação sem as lembranças de existências anteriores?
A alma não é criada no ato do nascimento do homem, ou no momento da fecundação e menos durante a gestação, pois que nem todos vingam, e sim pré-existente a ele; caso contrário seria um ato sem fim criacionista, algo inconcebível ao destino final do homem. À mesma maneira, não pode ter acontecido no mesmo momento que Deus, pois que se assim fosse, ele seria finito com um princípio e nunca o princípio.
O espírito humano não pode ser Deus e muito menos ter saído diretamente dele, posto nele não haver imperfeição. Somente se pode voltar de onde saiu e então o homem não volta para Deus, mas pode estar nele, porque saiu de uma criação sua, isto é, de sua vontade, como consequência da universalidade.
Deus é a Energia-Consciência, a força geradora de todo o incomensurável, eterno, sem princípio e sem fim.
Os espíritos são volições de Deus, para a evolução, participando como princípio ativo nos minerais, vital nos vegetais e animais, com uma culminância espiritual, inteligente, no homem, tanto aqui na terra como em outros mundos.
De sua origem para o progresso, o espírito usufrui os atributos de suas faculdades, a partir de uma infância intelectual para organismos complexos e adequados ao seu desenvolvimento, até a espiritualidade propriamente dita.
O espírito, como substância fluídica, com identidade própria de individualidade, energia vibratória com frequências e sintonias particulares, adapta-se a um organismo complexo e de inteligência embrionária, para a soma de progressos. Na terra, como elemento de uma outra dimensão, adentra ao corpo físico humano, interligando-se – via cérebro – e estabelecido como canal receptador e transmissor de energias psíquicas.
Dentro do livre arbítrio, e não poderia ser diferente, porém predestinado a um objetivo, o espírito tem seus erros e acertos, sempre em busca de progressos e aperfeiçoamentos. Poderia aqui ser evocada a Doutrina Kardecista, sem medos de injustiças ou prejuízos a outras crenças, que espíritos rebeldes de outros mundos foram exilados para a terra, onde já se evidenciava no homem os rudimentos para o desenvolvimento do princípio inteligente, diferenciando-o dos demais animais. Aqueles rebeldes revestidos do perispírito adequado à terra, isto é, tomado de seus elementos, encarna-se no homem embrionário, auxiliando-o no crescer e desenvolver-se como intelecto-racional, para performance espiritual.
Ligados à matéria, o progresso espiritual não se dá uniformemente, pois que eles também não chegaram iguais, sujeitos aos erros e acertos, não isentos das vicissitudes e prazeres terrenos, sempre dentro do livre arbítrio. Não há regresso de formação, pois tudo o que foi adquirido ou aprendido, não será relegado ao esquecimento – ele pode ser punido pelos seus atos, jamais ser subtraído quantos aos direitos adquiridos; e o espírito, pela determinante da predestinação, aperfeiçoar-se-á neste e em outros mundos, sempre através da matéria, aqui na terra. 
Os espíritos seriam, portanto, almas do universo que é o princípio ativo e vital para sua formação. Um dia, no fim dos tempos do ciclo humano e similar, os espíritos tomarão parte noutro universo de forças, sempre com plena consciência formada e plasmada ao longo de bilênios.
Talvez nisso uma visão agnóstica, pois que não podemos penetrar a essência da razão das coisas, uma vez que não se concebe a razão de ser à maneira das convenções e ensinamentos de credos religiosos, a exemplo do Cristianismo, isto é, apenas com atitudes de racionalidade, pois que o conhecimento ou saber verológico somente se faz possível por meios extra-racionais, quais sejam: a fé, o sentimento, a tradição que transmite, uma revelação superior, a visão mística, o êxtase. 
Encerra-se com Maeterlink em sua mesma obra A Morte: Ou nós entendemos que a nossa evolução se deterá um dia, e isso é um fim incompreensível e uma espécie de morte inconcebível, ou admitimos que a mesma evolução não terá termo e, desde então, sendo infinita, toma todos os caracteres do infinito e deve perder-se nele, confundir-se nele. É isto no que redunda a Teosofia, o Espiritismo e todas as Religiões e Seitas, em que o homem, na sua felicidade suprema, é absorvido por Deus – O Universo –, sem dúvidas um fim, ainda que incompreensível, mas pelo menos é vida.
-o-

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