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sábado, 3 de abril de 2010

LIVRE ARBÍTRIO, PREDESTINAÇÃO OU ELEIÇÃO?

Exposição preambular
Não se tratam trazer à baila, mais uma vez, grandes verdades da Teologia Cristã as quais, ainda que conflitantes, igualmente referem à salvação ou perdição eterna do homem.
Temas de acaloradas discussões, predestinação, eleição e livre arbítrio, tal qual nos primeiros tempos do cristianismo e depois na reforma, ainda suscitam tremendos embates, sem uma verdade estabelecida. 
Óbvio que o livre arbítrio, muito mais coerente com a razão humana, ante o ato da liberdade de escolha, ou o direito soberano de se optar dentre diferentes situações, venha possuir maior número de adeptos e defensores, especialmente entre os menos esclarecidos.
A salvação neotestamentária, e não há cristão que possa negar, dá-se através de Jesus Cristo, pela graça. Oras, para que o homem seja salvo, para que adquira o céu como morada eterna pós-morte, é preciso tão somente que se aceite Jesus Cristo como único e legítimo salvador; claro que depois surgem alguns acréscimos necessários, como certas regras de procedimentos (individual, familiar, social, etc), manutenção da fé, vivências doutrinárias, o ato do batismo e outros pormenores que, se não menos importantes, no momento sem interesses.
Como aceitar Jesus por único e legítimo salvador? 
Simples, apenas decidindo-se por Ele, como único caminho para a salvação uma vez que, segundo a Bíblia, ninguém vai a Deus senão por Ele; e é aí que entra o livre arbítrio, o ato da escolha que pode levar o indivíduo ao céu ou ao inferno para todo o sempre. 
Lógico que para alguma decisão desta monta é preciso que o pretendente tenha plena consciência e arrependimento dos pecados, além de conhecer Cristo e suas místicas, este último um item não inteiramente obrigatório.
Mas se alguém, compreendendo Cristo e sua obra redentora, mesmo assim vir a desprezar voluntária e obstinadamente a salvação, isto é blasfêmia contra o Espírito Santo (Mateus 12: 31-32), pecado para o qual não há perdão, com o primeiro contrassenso do livre arbítrio, como ato obrigatório do tipo 'se você conheceu Jesus, tem que aceita-lo como salvador', sem objeções. 
Bem, nisto há uma série de interpretações, em especial quanto o real papel do Espírito Santo no contexto salvacionista, mas a verdade é que nenhum teólogo, ou pregador que seja, conseguiu até o momento determinar efetivamente o que seja blasfêmia contra o Espírito Santo, sempre a permanecer a velha máxima que o maior dom de Deus é perdoar sempre, sendo qualquer mudança de opinião de um blasfemador, desde que para o bem, pode reverter aquele quadro tão desastroso, sob pena de se rasgar fundamentos do próprio livre arbítrio e da graça que traz a salvação.
Acontece que Deus, em tese, sabe todas as coisas antecipadamente, até porque este é um de seus atributos, a onisciência ao lado onipotência e onipresença, sem os quais não seria Deus. Sabedor e também na qualidade de onímodo, certamente que Ele tem presciência do destino final de qualquer indivíduo, ou seja, sabe se determinada pessoa irá para o céu ou para o inferno, independente daquilo que o homem [a tal pessoa] possa ou venha fazer. Assim, aos olhos de Deus que tudo sabe, todos estão com destino final selado; em outras palavras, estamos todos predestinados.
Epístola Aos Romanos 8: 29-30, Efésios 1: 5 e Evangelho Segundo João 6: 44 e 65, além de referências outras, evidenciam realidades da predestinação, e qualquer cristão, mesmo que defensor do livre arbítrio, reconhece isto, além do entendimento que Deus, por Sua soberania, escolhe uns para a salvação e outros para a perdição; negar isto seria o mesmo que subtrair a presciência de Deus. O Livro Provérbios 16: 4 parece estabelecer definitiva-mente a predestinação.
Alguns buscam teoria conciliatória que o homem é predestinado à graça, assertiva evidentemente não satisfatória; enquanto tem aqueles que afirmam ser o homem unicamente predestinado à morte física, verdade inconteste, embora um autor bíblico nos assegure, que até a morte um dia será vencida [I Corintios 15:26], o que alguns cientistas pretendem e a maioria dos homens também.
Estando o homem predestinado apenas à morte física, o resto ficaria com o livre arbítrio, isto é, o homem seria responsável único por sua salvação ou danação eterna, mas nisto não parece residir nenhuma justiça divina.
1. Predestinação: o que diz a Bíblia?
Deus é o que vive desde sempre, incriado, perfeito, único, aquele que tudo pode, tudo sabe, tudo conhece e nada lhe é oculto. Ele é o criador de todo o universo e detentor das qualidades de onipotente, onipresente e onisciente. 
A Bíblia assim diz e os cristãos assim creem.
Se a onisciência de Deus, ou sua presciência estabelece conhecimento prévio de todas as coisas, que foram, há e haverão de ser, lógico que o destino final de cada ser humano não lhe escapa do saber. Se sabe e deixa acontecer, não é um Deus bom, e se não sabe não é perfeito.  
Daí toda a dificuldade, pois se a Bíblia assevera tal certeza, tal fato por si exclui toda possibilidade daquilo que o homem possa fazer por si mesmo, não só em termos da salvação de sua alma, como da sua responsabilidade pessoal por cada ato cometido.
Claro, nisto não residiria justiça divina, a nossos olhos, nem a sociedade organizada conviveria com tais ordenamentos. Mas quem é o homem para determinar aquilo que seria ou não justiça divina? Não estaria o caos social e os próprios questionamentos humanos já incluídos na tal presciência de Deus?
Algumas correntes [atuais] argumentam que a presciência não é e nem pode ser posta como pré-ordenação de Deus a destinar esta ou aquela alma para o fogo eterno, ou esta ou aquela vida para tais e tais passagens na terra.
Contra-argumentam outros, que mesmo a existência ou não de algum pré-ordenamento eliminaria a presciência.
A discussão parece nula, posto que o texto de Atos 2: 23 equipara presciência com pré-ordenação, senão vejamos: "Ele mesmo, segundo o desígnio determinado e a presciência de Deus (...)."
Assim voltamos à predestinação ou pré-determinismo dos quais as escrituras atestam em pelo menos os seguintes textos:
  • Atos 4: 28 "(...) tinham anteriormente determinado (...)."
  • Romanos 8: 29 "(...) porque o que dantes conheceu também os predestinou (...)."
  • Romanos 8: 30 "(...) aos que predestinou a estes também chamou (...)."
  • I Corintios 2: 7 "(...) a qual Deus ordenou antes dos séculos (...)."
  • Efésios 1: 4 "(...) nos elegeu nele antes da fundação do mundo (...)."
  • Efésios 1:5 "(...) e nos predestinou (...)."
  • Efésios 1:11 "(...) havendo sido predestinados (...)."
Outros livros, capítulos e versículos citam a predestinação, bastando para isso sim-ples consultas às referencias dos textos acima citados. Mais de quarenta versículos bíblicos expressam a predestinação.
Assim, a predestinação está posta biblicamente, certa ou errada, coerente ou não, fundamentada na soberania de Deus, e conforme Romanos 9: 14, num texto que desde o verso 11 fala-nos de predestinação, só nos resta argumentarmos conforme o autor: "Que diremos, pois? Que há [nisto] injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma."
2. Livre arbítrio: a Bíblia apoia esta tese?
O homem é um ser livre, com todos direitos de desejar ou não alguma coisa, praticar ou não qualquer ato, decidir soberanamente sobre seus próprios rumos. Claro, que isto implica em uma série de fenômenos desencadeantes e de conseqüências às vezes desastrosas, considerando implicações legais daquilo que é certo ou não, o lícito do ilícito, as conveniências ou inconveniências e tantos outros pontos e contrapontos.
Diz o pensador que o homem é um ser livre, não obstante acorrentado, enquanto a Bíblia afirma lícitas todas s coisas, nem todas convenientes.
Também na questão da espiritualidade, o homem tem o livre arbítrio de decisão, tanto quanto a vivência terrena, quanto à pós-morte. A oferta salvacionista é divina, aceita-la ou não, seria uma atitude humana, sem constrangimentos e até com possibilidades de reconsiderações.
"O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Je-sus Cristo nosso Senhor" (Romanos 6: 23), cabendo ao homem decidir-se ou não por isso.
Nestes termos, o livre arbítrio consiste na adesão ou não ao salvacionismo, ou na escolha libertária com isenção de vínculos de coações externas:
  • Romanos 2: 7 "(...) aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram (...)."
  • João 7: 17 "Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá (...)."
  • Deuteronômio 30: 15 "Vês aqui, hoje te tenho proposto, a vida e o bem, e a morte e o mal."
  • Jeremias 29: 12 "Então me invocareis e ireis, e orareis (...)."
  • Jeremias 29: 13 "E buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração."
  • Tiago 1: 25 "Aquele, porém, que atenta (...) e nisso persevera (...)."
  • Tiago 2: 12 "Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade."
Referências diversas conduzem a outros livros, capítulos e versículos referentes ao livre arbítrio.
É verdade que a Bíblia mostra exemplos de homens que, desejando uma realização, foram forçados a outra por Deus, a exemplo de Jonas 1:1-2, o que causaria certas dificuldades aos defensores do livre-arbítrio, mas quase sempre em casos assim, como de Jonas, se tratam de pessoas comprometidas com certas missões [serviços] dadas por Deus e por eles aceitas.
O livre-arbítrio, como num contrato estabelecido entre as partes, é de responsabilidade e não exime o homem das conseqüências decorrentes de possível quebra de pacto.
Mas, e a presciência divina a respeito disto?
Ao homem e só a ele cabe a decisão final sobre seu destino eterno, ou seja, até a vontade de Deus, em termos de salvação, está limitada pela vontade do homem, e assim a predestinação tão somente está para a salvação ou perdição eterna, cabendo ao homem a opção e nisto Deus não pode interferir porque é lei sua, claramente implícita em Gênesis 3: 5-6.
Deus não obriga o homem a pecar para em seguida lhe oferecer um duvidoso per-dão, nem é o autor dos pecados para assim fazer perecer a humanidade. A reprovação aos atos pecaminosos, por parte de Deus, e o seu alerta às conseqüências da continuidade do homem pelos maus caminhos, inclusive sua doação redentorista, é um ato de amor e zelo pelo livre-arbítrio. Errado seria Deus, ciente do futuro reservado, simplesmente abandonar o homem à própria sorte, como objeto de sua santa ira, sem dar uma mínima chance possível de salvação.
3. Eleição: existe nisto alguma verdade bíblica?
E disse Deus, entre outras palavras, em Êxodo 33: 9: "usarei de misericórdia com quem quero usar de misericórdia."
As Escrituras ensinam que a eleição é um ato soberano de Deus, senhor absoluto de seus dons e vontade, que não tem obrigação nenhuma com criatura alguma, e ele determina essa eleição pelo chamamento, pela graça e não pelas obras, um bom assunto que os defensores da teoria ilustram, com as passagens referentes aos gêmeos Jacó e Esaú, dos quais Jacó foi escolhido antes mesmo do nascimento e de terem praticado bem ou o mal (Romanos 9. 11).
Israel [nação judaica] é um povo eleito de Deus, a Bíblia assim assegura, e não há exegeta nem seita cristã que possa afirmar o contrário. E Deus escolheu este povo para três importantes propósitos:
  • Testemunho vivo de Deus perante todas as nações.
  • Repositório da palavra divina.
  • O advento do Messias.
Dentre as tribos hebreias, Deus escolheu uma para introdução do Cristo, e desta tribo, uma pessoa através da qual ele próprio veio a mundo, para salvação daqueles que nele creem, mais precisamente aqueles que Deus escolheu desde o princípio para a salvação (II Tessalonicenses 2: 13), ou seja, "antes da fundação do mundo" (Efésios 1: 4).
Para os discordantes, em Romanos 8: 34, está escrito "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?", que I Pedro 1: 2 acrescenta, "eleitos segundo a presciência de Deus Pai". A presciência divina, portanto, ratifica a eleição.
A eleição centra-se na figura do Cristo, o primeiro dos eleitos (Mateus 12: 18 e referencias), por isto chamada cristocêntrica, e parece ser inalterável, todavia, a depender da condição pessoal de fé e perseverança em Cristo.
Óbvio que a doutrina da eleição não é pacificamente aceita pelos estudiosos, no que concordam os defensores, lembrando que a eleição trata-se de ato da soberania de Deus, contrapondo-se a quaisquer dogmas, filosofias humanas ou regras de fé, e que tem por testemunho único as Sagradas Escrituras. E aí, uma série de livros bíblicos [capítulos e versículos] em apoio para tão controversa doutrina.
Os livros bíblicos abaixo apoiam a doutrina:
  • Romanos 11: 5 "(...) segundo a eleição da graça."
  • Efésios 1: 4 "(...) nos elegeu nele antes da fundação do mundo (...)."
  • I Tessalonicenses 1: 4 "(...) que a vossa eleição é de Deus."
  • II Tessalonicenses 2: 13 "(...) elegido desde o princípio (...)."
  • Tito 1: 1 "(...) segundo a fé dos eleitos (...)."
Outros livros, capítulos e versículos podem ser obtidos através das referencias dos acima citados.
À primeira vista, eleição parece realmente confundir-se com a predestinação. Defensores da doutrina, não pensam assim; a eleição fundamenta-se na decisão divina de salvar apenas alguns em detrimento do restante da humanidade pecadora, enquanto a predestinação se refere a tudo àquilo que foi decretado por Deus, antes da fundação dos séculos, ou seja, o céu [paraíso] ou inferno por destino final, e o estabelecimento das circunstâncias necessárias para este ou aquele cumprimento.
Para alguns que censuram a eleição como algo injusto da parte de Deus, a resposta é pronta, que salvação é ato de misericórdia divina e não de justiça, pois que a justiça simplesmente é cada um receber o que merece.
"Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: por que me fizeste assim? Ou, não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?" Romanos, 9:20-21.
Algumas correntes neo-elegista, entendendo certas discrepâncias entre a eleição e predestinação, ou para que a eleição não se dissipasse na doutrina determinista, nem se contrapusesse tão ostensivamente ao livre arbítrio, defendem que a eleição é oferecida a todos, e não a alguns poucos privilegiados, para a salvação em Cristo mediante o ato pessoal do arrependimento pelos pecados, declaração de fé e aceitação da obra redentorista do Cristo, numa situação que pode ser alterada, mediante vontade unilateral do homem.
E assim tudo fica de conformidade com II Pedro 1: 10-11: 
"Portanto, irmãos, procurem fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque fazendo isto, nunca jamais tropeçareis, porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo."
4. Conciliação indiscutível
Não entramos nas polemicas da soteriologia, nem defendemos teses pró ou contra calvinistas, arminianistas ou que corrente for, posto que o objetivo era tão somente descrever doutrinas da salvação, promover discussões e suscitar opiniões pessoais.
Este trabalho poderia resumir-se da seguinte maneira, sem perda de características:
  • Predestinação: Céu ou Inferno por destino final à humanidade pecadora.
  • Eleição: Oferecida por Deus a todos os homens, para a salvação em Cristo.
  • Livre-Arbítrio: Com a decisão pessoal de cada um.
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