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sábado, 3 de abril de 2010

O MISTÉRIO DA MORTE E O ENIGMA DOS SONHOS

Cedo ou tarde o homem defronta-se com a grande realidade de sua existência: a morte.
O que é a morte?
Inevitavelmente, diante desta sentença inapelável e irreversível, o questionamento a respeito do pós-túmulo se faz presente: é a morte um aniquilamento total?
E aí surgem os motivos temíveis, envoltos em grandes mistérios e dúvidas que nortearam e norteiam reflexões íntimas ou compartilhadas, ao longo de uma vida que é, apenas, aquele lapso de tempo entre o chegar e o partir, acabando, quem sabe, num rápido instante meditativo: teria valido a pena? O que virá depois?
Mas é esse espaço de tempo de algumas décadas, quando tanto, que faz o homem e sua história. Não, não cabem aqui julgamentos se o indivíduo foi o primor das virtuosidades, em pró a coletividade e/ou a si próprio, se foi o maior dos devassos de tristes memórias, ou se foi apenas uma neutralidade. A morte não os distinguirá pelas ações, ficando apenas para os vivos as lembranças e opiniões sobre aqueles que se destacaram num ou outro campo, enquanto para os anônimos, talvez duas gerações de familiares e amigos com eventuais recordações.
Seria a morte algo assim tão terrível ao igualar todos os homens nas sombras do seu silêncio profundo?
Falar da morte e seus mistérios seriam evocar todo o passado da historicidade humana e entender como o homem primevo, tão insipiente ainda, convivia com a razão e a arte de pensar, ou de se descobrir capaz de raciocinar e entender suas visões, alucinações e sonhos, onde seus mortos surgiam sempre, tão vivos.
Não entendia, e a única lógica seria que o homem sobrevivia a morte. Mas como, se lá estavam, apodrecidos seus restos mortais? Como, se suas carnes foram devoradas pelas bestas feras e seus ossos carregados?
Então, eliminada a sobrevivência física, o natural era a sobrevida não palpável, espiritual – extrafísica, e não admiti-la seria o mesmo que duvidar de si, pois, afinal, não seriam reais as aparições vivas dos mortos em sonhos?
O grande pai, a bondosa mãe, o poderoso líder, povoam sonhos de seus descendentes: estão vivos, e toda uma mística desenvolve-se para agradá-los; não são matérias, porém mostram-se integralmente, e, num momento difícil qualquer, suas forças, poderes ou conhecimentos, podem ser evocados para soluções e, ao sensível, é possível tê-los manifestos, fazendo-se ouvidos nos conselhos e admoestações, durante evocações tribais.
A árvore onde o velho chefe recostava-se ou cujas madeiras utilizava, a pedra em que se assentava; o seu animal preferido, a montanha que mais admirava; os seus fetiches e os comensais passam a ter valores representativos familiares, como seres, objetos e coisas sagradas, bem como carregadas de manas.
O simples domínio de uma família sobre outras, ou naturais agregações, aumentavam os protetores particulares, sendo que da tribo mais poderosa, faziam-se mais fortes seus ancestrais, com direitos de serem cultuados.
As experiências de vida, as epopeias realizadas, as vontades, desejos e ações do falecido, quando fortes, ganhavam conotações doutrinárias, instituindo-se com naturalidade o Totemismo, com as primeiras regras das proibições, dos sagrados e dos profanos, sempre na ordem dos princípios do chefe espiritual, em terra e representado, quase sempre, por algum dos membros da família.
Seus objetos, então sagrados, não podem ser tocados por qualquer um, seu animal predileto não pode ser morto, sua árvore é venerada e sua montanha não pode ser profanada: são os tabus.
Iniciam-se datas comemorativas, em geral um período de festas, onde se busca o chefe nos simbolismos, porque precisam e desejam agradá-lo, dando surgimento aos cultos e ritualismos onde, os de maiores sensibilidades promovem contatos diretos com os deuses e a eles oferecem sacrifícios.
Para os primeiros homens era terrível defrontar-se com a morte como o fim de tudo. A dor da separação, sabidamente definitiva, a saudade e a tristeza do inaceitável nunca mais, o remorso e a angústia de algo não feito, favoreciam e até exigiam condições dos mortos reaparecerem nos sonhos, nas visões de êxtases e nas incorporações; o homem necessitava disto, porque era esta a única maneira de manter vivos seus antepassados e lhes dar paz de consciência.
Então a morte física não era fim e nem poderia sê-lo, por significar glórias e vidas num outro mundo, onde não se era mais atingido tão facilmente; um mundo que mortais podem visitá-lo, contatá-lo e até descortinar mistérios, mas nele somente residir após a morte, ou seja, o despertar para a verdadeira vida.

-o-

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