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sábado, 3 de abril de 2010

SUDÁRIO DE TURIM

1. Porque uma farsa engendrada?
No evangelho segundo João, 20: 6-7: "Entretanto chegou também Simão Pedro, que vinha atrás e, entrando [na sepultura], viu as ligaduras [faixas] que estavam no chão, e o sudário [lenço] que estivera sobre a cabeça de Jesus, mas à parte, enrolado num outro lugar".
O texto de João traz pela primeira vez, referência correta a respeito do sudário de Jesus. Sudário é a tradução do grego 'sindón', com significado de lenço de tecido, com o qual se enxugava suor da face, havendo ainda, em tempos antigos, modelo similar, porém de linho fino, bastante transparente [tipo de véu ou o próprio], com o qual se cobria a cabeça [face] de um cadáver, acompanhando-o inclusive à sepultura.
Portanto o que se encontrava na sepultura de Jesus eram faixas [ataduras] e um lenço e não lençol. Também não houve como seria de se esperar, nenhuma admiração dos visitantes ao túmulo vazio, quanto alguma imagem de Jesus gravada no lenço que recobrira sua face. Observou-se, no entanto, que o 'sindón' estava dobrado e posto à parte das faixas que enrolaram o corpo de Jesus, o que significa cuidados de alguém que antecedera Pedro e João, naquela sepultura, que provavelmente tenha sido - a Bíblia não diz - Maria Madalena, a primeira a ver o sepulcro vazio (João 20: 1).
Hoje algumas traduções trazem lençóis em vez de faixas.
Depois disto, a história bíblica se cala com respeito ao lenço e faixas mortuárias de Jesus, mas, com o decorrer dos tempos, no século VIII, os judeus já não mais envolviam seus mortos em faixas, e sim o recobriam com um lençol próprio para tal fim.
O lençol, com a imagem pressuposta de Jesus, apresenta resíduos ou amostragens vegetais características exatamente daquele século VIII. O sudário - aceitamos a denominação assim, com a imagem de uma pessoa flagelada, segundo análises científicas, não vai além de referida datação, então tida como época de sua fabricação.
A primeira representação sabida da figura de Jesus, data do século II, no quadro da ressurreição de Lázaro, na catacumba de Santa Priscila que pertencia, provavelmente, ao jazigo da família Prudens (Danillo Nunes, 'Judas, traidor ou traído?', Gráfica Record Editora, 1968: 123).
Em tal representação Jesus aparece imberbe e sua fisionomia não lembra a de algum semita, nem de um homem acostumado às rudezas do clima e andanças pelas regiões palestínicas. Certamente aquela beleza de Jesus expressa em traços tão delicados, fundamentara-se em Salmos 45, numa pré-figuração do Messias.
Algum artista bizantino, no início do século IV, sob encomenda ou entendimento próprio, foi o primeiro a nos transmitir um Jesus barbado, de rudes feições semitas, sem nenhuma aparência de formosura, conforme descrito em Isaias 53: 2. O rosto sobreposto artisticamente numa espécie de toalha, é praticamente o mesmo da figura existente no Sudário de Turim, ou seja, o retrato do Messias sofredor [flagelado]. Todos os ícones bizantinos de igual amostragem derivaram-se desta representação original de Jesus, conhecida como 'Mandylon de Edessa'.
Somente no final do século IV, ainda pelos bizantinos, optou-se retratar um Jesus novamente aos moldes dos Salmos 45: 2, porém acrescido dum expressivo olhar descrito em Lucas (6: 10 e 20, como exemplos), quadro bastante próximo daquilo que hoje aceitamos como representação ideal do Cristo.
Mas não podemos nos perder nas representações de Jesus, pois ao que nos parece, cada artista da antiguidade ou dos primeiros séculos, desenhava-o conforme aquilo que encontrava e entendia na Bíblia [evangelhos] e tradições, como sendo Jesus, e assim temos, conforme Danillo (op.cit, p: 123), até a descrição [reprodução em traços] de um Jesus quase anão, de não mais que 1,35 metros, numa provável compreensão de que Zaqueu subira na arvore para enxergar Jesus na multidão, não porque ele Zaqueu fosse de pequena estatura, e sim Jesus. Absurdo? Sabe-se lá, mas quem se referiu àquela obra como retrato certo de Jesus homem pequeno, ou deu inspiração ao artista, foi o canonizado Santo Efrem (320/379), e uma carta do Sínodo dos Bispos Orientais, de 839, informa também Jesus com 1,35 metros de altura (Danillo Nunes, op.cit, p; 124 e notas 12).
No entanto, o que nos interessa é a figura representada no Sudário. Seria ela realmente de Jesus ou um bom desenho da Idade Média?
Enquanto a fé persistir em cegar a razão, jamais poderemos negar que o Sudário de Turim retrata mesmo Jesus, de nada valendo a ciência comprovar o contrário. Entretanto, como nos é dado direito de expor idéias, e naquilo que entendemos como verdade dos fatos:
  • O lençol de linho, no qual se acha sobreposta imagem de um homem flagelado, segundo a Ciência, não vai além do ano 1290, tudo não passando de realização humana [quanto a figura], mesmo numa técnica realmente surpreendente para a época.
  •  Restos de espécies [polens de gramíneas] - matéria prima utilizada na confecção do lençol, encontradas não tem anterioridade ao século VIII; ainda assim uma considerável distância de quinhentos ou mais anos entre a feitura do lençol [século VIII] e a elaboração do desenho [fins do século XIII]. Nada impede, porém, que um desenho do século XIII tenha sido realizado em um tecido do século VIII.
  • Consta que entre 1296 a 1304, ocorreram exposições particulares do Sudário em diversas pequenas cidades da França, sendo que a peça em questão exposta foi denunciada como fraude, por um bispo católico francês, que conheceu o falsário e seus motivos claramente comerciais (cobrança de ingressos para aqueles que desejassem venerar o sindón ou nele ver impresso o corpo de Jesus).
  • Sem contraditar crenças ou desmerecer tradições, o Sudário foi considerado pela própria igreja, como obra humana, e não há como desacreditar a Ciência que o Sudário é um lençol confeccionado no século VIII, de matéria prima originária do Oriente Médio ou mesmo ali confeccionado, sendo a figura nele exposta, sem anterioridade além do ano 1296.
  • A Igreja Católica Apostólica Romana jamais reconheceu, oficialmente, o Sudário como estampa legítima do corpo de Jesus, embora também nunca tenha impedido que os fiéis a considerassem.
  • Falava-se, até os anos 1970, em dois 'santos sudários', um em poder dos católicos romanos, chamado Sudário (Sindón) de Turim, outro sob guarda dos ortodoxos, conhecido como Mandylon (Manto) de Edessa. O início dos estudos na peça guardada em Turim, a partir de 1978, com autorização do Vaticano, como que apagou da memória ocidental o sudário oriental, a partir de então considerado apenas réplica.
  • Realmente a figura estampada no sudário, é bastante semelhante aos ícones bizantinos de como seria Jesus; nestas circunstâncias, a representação no lençol de Turim, no que diz respeito à face pressuposta de Jesus, às exceções das moedas sobre as pálpebras, em nada se diferencia de um lenço conhecido como Mandylon de Edessa, (cidade bizantina hoje denominada Urfa, na Turquia) surgido no século IV, a partir do qual Jesus deixa de ser o imberbe belo e de penteado romano, para adquirir características semíticas rudes e de barba.
  • A relíquia Mandylion de Edessa é considerada mais uma representação artística de Jesus, mas durante muitos séculos acreditou-se que era sua face real estampada no lenço que Verônica enxugara o suor do Rabino, quando numa de suas pausas a caminho do Calvário.
  • Muitos pesquisadores, desvinculados de credos religiosos, têm como certa que o Mandylon de Edessa tenha realmente servido de modelo para a confecção do Sudário.
  • O Mandylon de Edessa é visto por muitos como o próprio sudário, roubado pelos templários (ficando uma réplica em Edessa ou em Bizâncio). Fundamenta-se em lendas justapostas de que Jesus enviara ao soberano Abgar V de Edessa, um retrato seu estampado, milagrosamente, numa toalha em que enxugara seu rosto, que alguns colocam como a peça [lenço] que Verônica se valera para confortar o Mestre, outros que na realidade tratava-se mesmo do lençol mortuário de Jesus, que Teúdas [o apóstolo Judas Tadeu] levara para Edessa, onde os guardiões o dobraram e expuseram-no num relicário, a ficar visível apenas o rosto.
  • Pela tradição, o lençol saiu de Edessa em 1306, com destino a França, pelo templário Jacques de Molay, ficando uma réplica naquela cidade.
  • Do ano 30 até sua retirada de Edessa, a relíquia passou por uma série de acidentes: fogo, roubo, além de objeto de negociação de paz entre muçulmanos e cristãos ortodoxos. Não há registro digno de nota quanto ocorrência de algum tipo de milagre, estando o próprio sudário como verdadeiro e único milagre.
  • O sudário esteve nas mãos dos templários até 1314, quando estes foram pratica-mente exterminados, vindo o objeto ressurgir em 1356, nas mãos de Geoffrey de Charny, religioso francês descendente de um militante templário. Doado à Igreja de Lirey, o lençol é exposto em público, pela primeira vez como peça religiosa autêntica, em 1357.
  • Para os estudiosos, tanto o Sudário de Turim quanto os 'Cristos Pantocrator' [Cristo Todo Poderoso], do Egito (notável pintura do século VI, no mosteiro de Santa Catarina) e o da Grécia (mosaico bizantino, do ano 1100, na cúpula do mosteiro de Dafne) tiveram um mesmo e único modelo original de face, provável ícone bizantino que muitos insistem ser o Mandylon de Edessa.
  • De fato consta que na utilização de técnicas de superposições de imagens, há entre os rostos do Pantocrator Egípcio e do Sudário de Turim, o impressionante número de cento e setenta pontos de congruências entre eles, portanto não meras coincidências conforme Alan Wanger da Universidade de Durham - Carolina do Norte/EUA - citação revista Galileu de outubro de 1999. Impressionam também o Pantocrator de Dafne comparado com o Sudário de Turim, com mais de duzentos e cinquenta pontos harmônicos, conforme o mesmo Wanger em referida publicação.
  • Imagens tridimensionais das faces identificam correlações e proporções de traços fisionômicos, tendo o Mandylon de Edessa como provável modelo, por ser o mais antigo deles todos, já conhecido [historicamente] desde o século IV.
  • Os especialistas não acreditam nalgum outro quadro semelhante, anterior ao Mandylon, pois que somente a partir dele a arte bizantina passou a retratar Jesus com as características semitas e rudezas de traços, num homem acostumado aos rigores do clima palestínico.
2. O que nos diz o Sudário de Turim?
Renato Sabbatini em O sudário e a Ciência, nos traz conclusão científica a respeito do Sudário, (http://www.sabbatini.com/renato/correio/ciencia/cp960815.htm), da qual nos valemos para as conclusões postas.
Desde 1898, quando fotografado por Secondo Pia, o lençol mais conhecido como Sudário de Turim, tem sido o artefato mais estudado em todo o mundo, ainda distante de conclusão, afinal a imagem nele retratada é ou não Jesus?
Do ponto de vista investigativo, o Sudário é um lençol surrado, de 4,36 [altura] por 1,10 metros de largura, guardado em Turim [pela Igreja Católica], que apresenta dupla imagem, ventral e dorsal, de um homem em tamanho natural [1,80 metros], nu, de porte atlético [pelo menos musculoso], com idade entre trinta e trinta e cinco anos, peso aproximado [calculado] de oitenta quilos. A imagem vista não deixa dúvidas, por qualquer especialista, tratar-se de um homem semita, visto traços fisionômicos, barba e cabelos.
Depois dum sem número de testes, a maioria dos especialistas cristãos [vinculados à Igreja Católica Apostólica Romana], descartaram a possibilidade de falsificação. Segundo eles, tão somente o método de datação C-14 contestou a autenticidade da peça, não sem razões, porém, o calor excessivo que a peça esteve submetida em algumas ocasiões como o fogo que lhe esteve próximo, o outro que lhe atingiu partes, e um terceiro [em 1999] que somente não o consumiu por estar ele guardado num recipiente próprio; além disso, também a contaminação de manuseio que o pano tenha sofrido, o que sem dúvidas influenciaram resultados de datas.
A opinião cristã ocidental, mesmo entre os não católicos, abraça semelhante consideração. Detalhes outros, no entanto, saltam-nos à vista, evidenciando o Sudário como real falsificação, grosseira por sinal, a despeito de inusitada técnica artística para a época medieval.
O grupo internacional designado para estudar o Sudário, com autorização da Igreja [detentora da relíquia], a partir de 1978 concluiu pela fraude, ou seja, a peça não tinha anterioridade ao ano 1296, sendo realização artística humana. Partes coletadas do Sudário são ainda estudas até hoje.
Vejamos algumas confrontações na figura vista na peça, tida como medida real de um homem de 1,80 metros, onde se observam:
  • A cabeça é pequena em relação ao corpo, distante da proporção 1/8, o que seguramente determina que ela não pertença aquele corpo - caso não realizada por mãos humanas - ou, se realmente dele e aí, mesmo que posta assim pela vontade de algum artista, trata-se de uma pessoa com cabeça desproporcional ao restante físico; é bastante provável que o artista tenha copiado a face de algum modelo [pintura anterior], e depois tenha acrescido o corpo, com visível erro anatômico.
  • Braços musculosos, tórax bastante largo assim como as costas, e cintura proporcional aos quadris, às coxas, pernas e pés, lembram bastante o vigoroso porte atlético de um gladiador bem treinado, e nada de algum semita ainda que acostumado às mais pesadas atividades braçais, que aliás também não era aquilo que Jesus fazia.
  • A postura do subentendido cadáver, não é própria para um judeano [judeu, galileu ou samaritano] e nem acha-se posto num lenço de conformidade com o descrito em João 20: 7. Tem-se ainda que, as mãos de um morto postas sobre a genitália, era costume próprio da idade média, mas não dos tempos de Jesus.
  • Os braços da imagem, dos ombros às mãos, se colocados acompanhando o corpo, quase atingem os joelhos, detalhe anatômico inconcebível na espécie humana [normal], e que se tal viesse ocorrer em algum homem, certamente este seria corcunda, o que não acontece com a figura do Sudário, quando observada pelas costas.
  • Segundo especialistas a imagem vista no lençol, como cor mais escura, a tinta é substância de moluscos do gênero siba, com misturas de ocre [vermelho e vermelhão] e pelo menos um pigmento de mercúrio, dissolvidas em colágeno – cola de origem animal – em nada diferente daquilo utilizado pelos artistas da idade média.
  • Não foi detectado sangue em nenhuma das partes do lençol, mas sim a presença de óxido de ferro, hematita e sulfeto de mercúrio, nas partes indicativas de sangramento, ou seja, o artista valeu-se do uso de elementos inorgânicos na composição de sua tintura, para ilustrar sangue nas feridas.
  • Para aqueles que aceitam tese de originalidade do Sudário, pela pesquisa dos cientistas texanos, a não ser pela fé, aquela [pesquisa] foi descaracterizada pelo próprio Cardeal de Turim [Dom Giovanni Saldarini], pois tais cientistas aventuraram-se nos campos daquilo que possibilitaria ser ou não ser, como por exemplo, o calor e o manuseio da peça de Turim poderiam ou não ser afetada para resultados de datação C-14; sem acesso direto ao objeto em questão, dizem que foi sim afetado, da mesma maneira que a presença de ferro na tinta vermelha a faz obrigatoriamente transformar-se em sangue.
  • Pesam ainda contra os pesquisadores texanos, que seus trabalhos firmam-se em amostragens de segunda mão, além de intenções parciais de resultados firmados na fé, onde se não dispostos a resultados pré-concebidos, fundamentados em pontos polêmicos.
  • A imagem perceptível no lençol é bem mais própria das figurações da idade média, e em nada representa típicos do século I.
3. Conclusão
Pelos argumentos apresentados trata-se de imagem artificial, que certamente teve algum modelo, e sem qualquer aval científico, por mais que os defensores da autenticidade teimem torná-lo real.
-o-

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